Por Maria Carolina Marcello
BRASÍLIA (Reuters) - O ministro da Educação, Milton Ribeiro, afirmou nesta quarta-feira ter se colocado à disposição do Congresso Nacional para prestar esclarecimentos sobre denúncias envolvendo a pasta, e garantiu estar "firme" no cargo.
"Quando eu soube que havia um boato que eu ia ser convocado (ao Congresso), eu fiz questão hoje ainda, liguei para os dois presidentes das Casas, tanto para o senador Rodrigo (Pacheco) quanto para o deputado (Arthur) Lira, e me coloquei à disposição. E pedi para ir lá para prestar o esclarecimento", disse o ministro em entrevista à CNN Brasil.
Ribeiro voltou a negar que tenha cometido qualquer irregularidade na liberação de recursos a prefeituras, mas revelou que, após ouvir um comentário e receber uma denúncia anônima, pediu à Controladoria Geral da União (CGU) que investigasse mediações suspeitas envolvendo intermediários entre o ministério e prefeitos.
O ministro relatou ter ouvido comentário em uma viagem sobre possível intermediação irregular para a liberação de recursos, e depois, diante de uma denúncia anônima, pediu à secretaria-executiva da pasta que preparasse um documento que foi entregue ao ministro da CGU, Wagner Rosário.
"Diante dessa conversa eu não fiquei de braços cruzados", afirmou.
Segundo Ribeiro, Rosário teria de imediato prometido instaurar investigação sigilosa, motivo pelo qual o teria aconselhado a não mudar sua rotina com possíveis investigados e não deixar de recebê-los.
Reportagem do jornal Folha de S.Paulo revelou na segunda-feira um áudio em que o ministro afirma que o governo prioriza, após atender localidades com necessidade, prefeituras cujos pedidos de liberação de verba foram negociados por dois pastores.
Ribeiro diz ainda, no áudio, que tal atuação atende a pedido do presidente Jair Bolsonaro, em vez de seguir critérios objetivos e técnicos, e também cita pedidos de apoio supostamente direcionados para construção de igrejas.
Questionado na entrevista à CNN Brasil, Ribeiro negou ter pensado em deixar o cargo diante do cenário e da repercussão que o caso provocou. "Não, nunca pensei", afirmou. "Estou firme".
Em nota divulgada na terça, o ministro já havia negado qualquer pedido de prioridade da parte do presidente da República. Nesta quarta, repetiu o argumento e disse que sua menção a Bolsonaro tem a ver com uma tentativa de dar prestígio político, uma "cortesia".
Segundo ele, Bolsonaro teria pedido apenas "uma vez" para que recebesse os dois pastores, o que não pode, nas palavras de Ribeiro, ser confundido com uma solicitação para que os pleitos fossem "atendidos".
"Ele só pediu: 'Milton, você pode receber?'", disse nesta quarta o ministro. "Em nenhum momento o presidente me pediu tratamento especial."