Por Maria Carolina Marcello e Victor Borges
BRASÍLIA (Reuters) - Ao proclamar resultado da disputa pelo Palácio do Planalto, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, afirmou que o comparecimento de eleitores às urnas neste domingo serviu de atestado da segurança e lisura do sistema eletrônico.
O chefe da corte eleitoral descartou que haja "problemas" em relação à aceitação dos resultados, acrescentando que qualquer contestação dentro das regras da legislação será analisada normalmente pelo tribunal.
"Em primeiro lugar, não vislumbramos nenhum risco real de uma contestação. O resultado foi proclamado, o resultado será aceito", disse o presidente do TSE.
"Não acredito que haja nenhum problema, se houver contestações dentro das regras eleitorais, elas serão analisadas normalmente. Isso faz parte do estado de direito", acrescentou.
Após sucessivos ataques às urnas e ao sistema eletrônico por parte do presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus apoiadores, havia o temor de que o resultado eleitoral não fosse acatado.
"Urnas eletrônicas são um patrimônio nacional e espero que, a partir dessa eleição, finalmente, cessem as agressões ao sistema eleitoral, cessem os discursos fantasiosos, as notícias fraudulentas, e ainda mais as notícias criminosas, contra as urnas eletrônicas", declarou o ministro.
"Quem novamente atestou a credibilidade das urnas eletrônicas foi o povo brasileiro. Quem novamente, atestou a credibilidade das urnas eletrônicas foi o eleitor e a eleitora que vieram votar. Que vieram votar porque confiam no sistema eleitoral brasileiro, confiam nas urnas eletrônicas e confiam na Justiça Eleitoral."
Moraes disse ter ligado tanto para Bolsonaro, derrotado neste domingo, quanto para o agora presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), informando-os do resultado. Um dos alvos preferenciais de Bolsonaro --que já chegou a chamá-lo de canalha-- e bolsonaristas, Moraes disse que o presidente atendeu o telefonema com "extrema educação".
Em uma vitória apertada, Lula é o primeiro a ser eleito para um terceiro mandato como presidente da República. Pouco antes das 20h, o petista foi declarado matematicamente eleito --com 98,81% das seções eleitorais apuradas, Lula alcançou 50,83% dos votos válidos, não podendo mais ser alcançado por Bolsonaro, que somava 49,17%.
Em sua primeira fala após o anúncio dos resultados, o presidente eleito prometeu governar para todos e referiu-se à sua eleição como uma "ressurreição".
Além do presidente do TSE, também se manifestaram os presidentes do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), aliado de Bolsonaro, e o presidente do Senado e do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
"A despeito dos tempos conturbados, por intensa desinformação e exacerbada polarização, também hoje as eleições transcorreram em clima de segurança e tranquilidade conduzidas com maestria pelo Tribunal Superior Eleitoral e Vossa Excelência, ministro Alexandre de Moraes", cumprimentou a presidente do STF.
Rosa Weber pediu um amplo esforço coletivo "em prol da união, do respeito e do fortalecimento das nossas instituições".
Lira parabenizou o presidente eleito, sem citá-lo nominalmente e afirmou, em pronunciamento, que "a vontade da maioria manifestada nas urnas jamais deverá ser contestada".
Pacheco, por sua vez, afirmou que "as eleições são inquestionáveis e o presidente Bolsonaro assim reconhecerá". O senador disse esperar uma transição pacífica para a gestão do presidente eleito.