Por Ricardo Brito
BRASÍLIA (Reuters) - O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu nesta sexta-feira afastar o delegado Felipe Leal da condução do inquérito que investiga se o presidente Jair Bolsonaro tentou interferir no comando da Polícia Federal.
Na decisão, Moraes alegou que o delegado determinou quatro providências na investigação sem que tivesse qualquer relação com o escopo da investigação.
Entre os pedidos requeridos pelo delegado estavam cópia de eventuais apurações relacionadas ao senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), filho primogênito do presidente, e cópia do procedimento que levou à exoneração do ex-superintendente da PF no Amazonas Alexandre Saraiva, que investigou o ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles.
Segundo o ministro do STF, essas determinações ocorreram por ordem do atual diretor-geral da PF, Paulo Maiurino, que assumiu em abril deste ano e não tem qualquer relação com a investigação sobre a interferência na corporação.
"O presente inquérito foi instaurado, a pedido da Procuradoria-Geral da República, para apuração de supostos fatos noticiados em pronunciamento do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Fernando Moro... imputando a prática de ilícitos ao presidente da República", disse.
"Não há, portanto, qualquer pertinência entre as novas providências referidas e o objeto da investigação", reforçou.
Moraes tornou sem efeito as providências de Leal e determinou ao diretor-geral da PF que designe novo delegado para conduzir o caso.
Esse inquérito foi a primeira investigação formal contra Bolsonaro no exercício do cargo, decorrente do episódio que levou à saída do governo do ex-juiz da operação Lava Jato. Atualmente o presidente é alvo de cinco investigações perante o STF e o Tribunal Superior Eleitoral.
Procurada, a assessoria de imprensa da Polícia Federal informou que a corporação não vai se manifestar sobre a decisão.