Por Eduardo Simões
(Reuters) - O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, disse nesta terça-feira que o tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, não deverá assumir o posto para o qual foi nomeado no Exército enquanto for investigado por suspeitas de irregularidades na utilização dos cartões de crédito corporativos da Presidência da República.
Em entrevista à GloboNews, Múcio disse que o novo comandante do Exército, general Tomás Paiva, pediu para tomar a frente na decisão sobre o futuro de Cid, nomeado para comandar o 1º Batalhão de Ações de Comandos, em Goiânia.
"Isso é o que nós estamos entendendo (que Cid não tomará posse enquanto for investigado)", disse Múcio quando indagado se esse será o procedimento adotado por Tomás Paiva.
"Tenho certeza absoluta que se tiver algum fato comprovado isso deverá ser adiado, postergado, alguma coisa vai acontecer", acrescentou.
O ministro também disse que o governo ainda precisa ter acesso às denúncias que pesam sobre o tenente-coronel, que assumiria o novo posto em fevereiro, e afirmou que a intenção não é prejulgar o militar, que é bastante próximo a Bolsonaro.
"Primeiro a gente precisa ter acesso a isso (investigações). O que é que há. O presidente foi o primeiro a dizer 'olha, essa história de condenar só por condenar eu já fui vítima disso, vamos averiguar o que é que tem'. Precisamos ver o que é que teremos acesso nessas denúncias e o general Tomás pediu para que ele tomasse a frente disso para dizer o que vai fazer, mas que tomará as providências e combinará comigo e com o presidente", afirmou Múcio.
Na entrevista, o ministro também disse que é importante que eventuais trocas em postos-chave no Exército --como o Comando Militar do Planalto e o comando do Batalhão da Presidência-- partam de Tomás Paiva.
O ministro repetiu que uma quebra de confiança de Lula após os ataques às sedes dos Três Poderes no dia 8 de janeiro levou à demissão do general Júlio César Arruda do posto de comandante do Exército no fim de semana.
Múcio também disse não se arrepender de ter declarado, antes dos ataques de 8 de janeiro, que a manifestação de pessoas que pediam um golpe de Estado em frente ao quartel-general do Exército em Brasília eram democráticas e disse que o grande erro que levou aos atos de vandalismo por bolsonaristas radicais foi permitir a entrada no acampamento em frente ao QG de pessoas que chegaram em 130 ônibus em Brasília no fim de semana dos ataques.