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Pés amarrados e bala na cabeça: um assassinato na cidade ucraniana de Bucha

Publicado 07.04.2022, 11:01
Atualizado 07.04.2022, 11:05
© Reuters. Soldados ucranianos ao lado de cova em Bucha, na Ucrânia
06/04/2022
REUTERS/Alkis Konstantinidis

Por Simon Gardner

BUCHA, Ucrânia (Reuters) - Com uma corda amarrada em seus pés e um buraco de tiro na testa, um homem morto jazia no mato perto de uma ferrovia nos arredores da cidade ucraniana de Bucha.

A figura assombrosa, sua pele amarela pálida como se fosse uma estátua de cera, estava cercada por folhas caídas. A poucos metros de distância, o cadáver de outra vítima jazia na vegetação rasteira.

"Não toque no corpo. Pode ser minado", disse um policial, que apontou o local onde estava o cadáver, mas pediu para não ser identificado pelo nome.

Bucha, 37 km a noroeste de Kiev, foi ocupada por tropas russas por mais de um mês após a invasão da Ucrânia em 24 de fevereiro.

Quando as forças russas recuaram na semana passada, deixaram para trás civis mortos nas ruas, dentro de prédios e enterrados em covas rasas.

Autoridades locais dizem que mais de 300 pessoas foram mortas pelas forças russas somente em Bucha, e cerca de 50 delas foram executadas.

O policial afirmou que os moradores de Bucha enterraram outros cinco cadáveres sob um monte de terra não marcado que a Reuters passou nas proximidades. A Reuters não pôde verificar imediatamente seu relato.

Desde que chegou a Bucha no domingo, a Reuters testemunhou os restos mortais de pelo menos cinco vítimas que foram baleadas na cabeça. Um estava com as mãos amarradas atrás das costas.

O homem morto que a Reuters viu na quarta-feira, vestindo jeans e uma jaqueta preta de inverno, estava a 100 metros de um pequeno cemitério. A Reuters não conseguiu identificar o homem ou determinar quem o matou.

Testemunhas na cidade --que foi severamente bombardeada-- relataram detalhes do que disseram ter sido vários outros assassinatos extrajudiciais nas mãos de russos. A Reuters não conseguiu verificar essa narrativa de forma independente.

O governo da Ucrânia acusou a Rússia de genocídio e crimes de guerra. O Kremlin classifica as alegações como propaganda e diz que suas forças não têm civis como alvo.

O embaixador da Rússia na ONU, Vassily Nebenzia, disse ao Conselho de Segurança na terça-feira que as acusações de abuso eram mentiras. Ele afirmou que enquanto Bucha estava sob controle russo "nem um único civil sofreu qualquer tipo de violência".

No domingo, o Ministério da Defesa da Rússia divulgou um comunicado dizendo que todas as fotografias e vídeos publicados pelas autoridades ucranianas alegando "crimes" cometidos por tropas russas em Bucha eram uma "provocação".

 

SOLDADO CHECHENO

Em outro incidente próximo, em meio a um pequeno bosque, o operário Eduard Karpenko contou como viu um de seus vizinhos caminhando para ser baleado por um soldado russo.

Ele disse que a vítima, Oleksandr Yeremich, era membro das Forças de Defesa Territoriais, a reserva militar das Forças Armadas ucranianas. Karpenko mostrou à Reuters uma cópia do passaporte do homem, mas a agência de notícias não conseguiu verificar de forma independente outros detalhes de seu relato.

Karpenko afirmou que o homem foi levado para longe de sua casa por um soldado que, segundo dois militares russos, veio da Chechênia, uma região no sul da Rússia que enviou forças para a Ucrânia para apoiar a Rússia.

O soldado caminhou com o homem para ficar fora de vista, até o final de uma cerca de madeira que flanqueava a floresta, e então foram ouvidos quatro tiros, disse Karpenko.

"Eles o levaram até o final do portão e atiraram nele, com o último tiro na cabeça", declarou Karpenko.

© Reuters. Soldados ucranianos ao lado de cova em Bucha, na Ucrânia
06/04/2022
REUTERS/Alkis Konstantinidis

Dois homens ao lado de Karpenko, que não quiseram ser identificados, confirmaram que também viram Yeremich sendo levado e ouviram os tiros.

Karpenko disse que ele e os dois homens esperaram por ordem dos soldados russos até o anoitecer antes de se aventurarem a recuperar o corpo.

"Nós o cobrimos com um cobertor, depois com outro, e o arrastamos para o túmulo. Havia muito sangue", contou Karpenko.

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