Por Ricardo Brito
BRASÍLIA (Reuters) - A Polícia Federal realizou nesta sexta-feira uma operação com o objetivo de desarticular organização criminosa estruturada para promover fraudes em licitações, desvio de recursos públicos e lavagem de dinheiro, envolvendo verbas da Codevasf, segundo nota divulgada pela corporação.
O ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União), foi alvo de um pedido da PF de bloqueio de bens, assim como outros investigados, autorizado pelo ministro Luís Roberto Barroso do Supremo Tribunal Federal, segundo uma fonte do STF.
Ainda de acordo com essa fonte, já há elementos de que houve desvio de dinheiro de uma emenda parlamentar. Entretanto, Juscelino Filho não foi alvo de busca e apreensão, conforme a fonte do STF e outra da PF.
Barroso entendeu que não havia nada de concreto da atuação direta do ministro do governo para justificar uma medida drástica, mas as investigações vão seguir, conforme a fonte do STF.
Em nota, a defesa de Juscelino Filho disse que, como parlamentar e ministro, a atuação dele tem sido pautada pelo interesse público e atendimento da população.
"É importante ressaltar que Juscelino Filho não foi alvo de buscas e que o inquérito servirá justamente para esclarecer os fatos e demonstrar que não houve qualquer irregularidade", disse.
"Emendas parlamentares, vale dizer, são instrumentos legítimos e democráticos do Congresso Nacional e Juscelino Filho segue à disposição, como sempre esteve, para prestar esclarecimentos às autoridades", completou.
Uma fonte palaciana disse que a situação do ministro das Comunicações piora, mas somente se vai saber se há risco de eventualmente ser demitido quando todos os detalhes da operação vierem à tona e também o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltar à Brasília de viagem oficial ao Nordeste.
Para essa fonte, entretanto, se Juscelino cair, a vaga na Esplanada permanecerá com o União Brasil e provavelmente caberia ao senador e ex-presidente do Senado David Alcolumbre (AP) indicar o sucessor.
No momento, o governo discute fazer uma reforma ministerial para dar cargos de primeiro escalão e relevância para o PP e o Republicanos, importantes partidos do chamado centrão.
IRMÃ
Entre os alvos de busca e apreensão da operação, estava Luanna Rezende, irmã do ministro das Comunicações e prefeita de Vitorino Freire (MA), conforme a fonte da PF. Ela foi afastada do cargo por decisão do Supremo.
Procurada, a assessoria do gabinete da prefeita não respondeu de imediato a um pedido de comentário.
Os policiais federais cumpriam 12 mandados de busca e apreensão, determinados pelo Supremo, em cidades do Maranhão como São Luís, Vitorino Freire e Bacabal. Outras medidas cautelares também foram determinadas.