(Reuters) - A Polícia Federal fez nesta quinta-feira três operações em vários Estados contra a extração e comercialização ilegais de ouro.
As operações Ganância, Golden Greed e Comando visaram também combater crimes como lavagem de dinheiro, corrupção, organização criminosa, dentre outros delitos.
Os agentes foram às ruas para cumprir 82 mandados de busca e apreensão e cinco mandados de prisão preventiva, no Acre, Goiás, Pará, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rondônia e Mato Grosso.
“As investigações da operação Ganância começaram em fevereiro de 2021 após uma denúncia envolvendo empresas de Porto Velho ligadas ao ramo da saúde, as quais estariam lavando dinheiro de valores recebidos em licitações fraudulentas", disse a PF.
"Após as primeiras diligências, verificou-se que recursos ilícitos injetados em empresas da capital rondoniense eram oriundos de garimpo ilegal, praticado, pelo menos, desde 2012 pelos líderes da organização criminosa”, acrescentou.
As investigações revelaram uma movimentação de “quantias bilionárias pelo grupo criminoso, com depósitos e saques milionários em espécie, empresas de fachada e transferências bancárias entre envolvidos“.
De acordo com a PF, entre 2019 e 2021, o grupo criminoso movimentou mais de 16 bilhões de reais em suas contas bancárias.
“Foi possível demonstrar que a mineradora investigada “esquentava” o ouro extraído ilegalmente de outros garimpos da Região Norte do país utilizando-se de licenças ambientais inválidas e extrapolando os limites da licença de pesquisa e da guia de utilização que possuía para o local”, afirmou a PF destacando que o impacto ambiental em apenas um dos garimpos identificados na operação foi estimado em cerca de 300 milhões de reais, com danos ao equivalente a 212 campos de futebol.
A Justiça Federal determinou ainda o bloqueio, sequestro e o arresto dos bens móveis e imóveis dos investigados até o limite de 2 bilhões de reais.
Em uma outra ação, que contou com apoio da Controladoria-Geral da União (CGU), a Golden Greed, policiais federais cumpriram mandados de busca e apreensão nos Estados de São Paulo, Acre, Goiás, Pará, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.
Entre os alvos estavam alguns servidores da Agência Nacional de Mineração do Pará.
Na terceira operação, a Comando, foram expedidos cinco mandados de busca e apreensão para São Paulo, Goiás e Pará.
As investigações, no início, tinham por objetivo identificar organização criminosa dedicada ao tráfico internacional de drogas, especializada no transporte de carregamentos de cocaína utilizando-se de aviões.
Mas, após a prisão do fornecedor das drogas no Paraguai, o hangar deixou de ser utilizado pela organização criminosa e passou a ser usado em um esquema ilegal de comércio de ouro.
“Foi averiguado que o minério era transportado do Pará para o Estado de São Paulo, utilizando-se do mesmo hangar, cujo administrador estava sendo investigado. Com a continuidade das investigações, foram identificados vários indivíduos envolvidos nas atividades ilícitas (pilotos, aeronaves, intermediários, mineradoras e seus proprietário) e efetuadas várias apreensões de ouro extraídos e comercializados de forma ilegal”, acrescentou a PF.
Os crimes apurados nas três investigações são os de usurpação de bem mineral da União, receptação qualificada, falsidade ideológica, redução do pagamento de tributos federais, corrupção ativa e passiva, promoção de organização criminosa, crimes ambientais, dentre outros.
(Reportagem de Rodrigo Viga Gaier, no Rio de Janeiro)