Por Gabrielle Tétrault-Farber
GENEBRA (Reuters) - Antes de chegar em Genebra para um renomado concurso de piano, o pianista ucraniano Roman Lopatynskyi ensaiou no escuro e fez concertos à luz de velas em meio ao barulho das sirenes em sua cidade natal, Kiev.
O músico de 29 anos está participando do Concurso Internacional de Jovens Pianistas em Memória de Vladimir Horowitz, que está sendo realizado fora da Ucrânia pela primeira vez desde sua criação, em 1995, devido à invasão russa.
Em sua quarta participação na competição, que termina em 21 de abril, Lopatynskyi espera dar ao seu país um motivo de orgulho.
"Se tudo der certo... será uma vitória definitiva para a Ucrânia no campo cultural", disse ele à Reuters enquanto ensaiava no porão do Conservatório de Genebra na sexta-feira.
Como com todos os seus compatriotas, a guerra transformou a rotina de Lopatynskyi. Quando a Rússia atacou a infraestrutura elétrica de Kiev, no ano passado, a vida cultural da cidade ucraniana ficou no escuro.
"Realizamos concertos à luz de velas", disse ele. "Tivemos que nos adaptar. Ensaiávamos no escuro ou usávamos pequenas lâmpadas penduradas."
Nos primeiros meses da guerra, Lopatynskyi arrecadou fundos para apoiar seu país, realizando recitais no YouTube, e depois passou a realizar concertos para soldados e apresentações beneficentes no exterior.
Ele disse que a música é uma "salvação espiritual" em um país devastado pela guerra. "Enquanto houver gente das artes, o equilíbrio no mundo permanecerá."
(Reportagem de Gabrielle Tétrault-Farber)