Por Maria Carolina Marcello
BRASÍLIA (Reuters) - A Polícia Civil do Rio Grande do Sul prendeu sete pessoas por apologia ao nazismo e associação criminosa em terceira fase de operação que investiga, desde maio deste ano, existência de diversos grupos neonazistas e extremistas no Estado, informou nota publicada no site do Ministério da Justiça e Segurança Pública nesta terça-feira.
A Fase 3 da Operação Accelerare contou com a participação de cerca de cem policiais, que cumpriram mandados de busca e apreensão e prisão preventiva para desarticular organização criminosa de prática de apologia ao nazismo.
Segundo a nota, o Ministério da Justiça apoiou a operação do Rio Grande do Sul por meio da Secretaria Nacional de Segurança Pública com reforço das polícias de São Paulo, Paraná e Ceará.
A Operação Accelerare teve início em maio deste ano a partir de denúncia anônima sobre a existência de grupos extremistas e neonazistas no Rio Grande do Sul. Foi colocada em prática, a partir de então, a primeira fase da operação em que três suspeitos -- já monitorados pela Delegacia de Combate à Intolerância (DPCI) e pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin)-- foram presos em flagrante.
A segunda fase da operação ocorreu em junho, quando foram apreendidos celulares e computadores. A partir dos dados extraídos dos aparelhos, com o apoio de peritos do Instituto Geral de Perícias (IGP), foram identificadas células neonazistas com características extremistas, separatistas e racistas. Também foi possível levantar integrantes desses grupos e suas lideranças, levando a operação à sua terceira fase.
"Até o momento, foram presas sete pessoas e apreendido um adolescente infrator, bem como materiais e simbologias de apologia ao nazismo, fardas da SS, armas brancas, simulacros de arma de fogo e literatura fascista e nazista", diz a nota do Ministério da Justiça.
O número de investigações abertas sobre suposta incitação ao neonazismo apresentou um salto desde 2019, apresentando com um "aumento significativo" em 2023: 21 investigações sobre suposta fabricação, venda, distribuição ou ostentação de suásticas "com o objetivo de propagar o nazismo" foram abertas até junho deste ano, contra apenas uma em 2018, ano em que Jair Bolsonaro foi eleito presidente da República.
Entidades como a Confederação Israelita do Brasil (Conib) apontam um crescimento de grupos extremistas, a maioria deles neonazistas. Pesquisadores da Unicamp, por sua vez, rastrearam um aumento de mais de dez vezes no número de células neonazistas no Brasil desde 2015.
O problema do neonazismo é particularmente agudo no Sul do país, onde grande parte da população tem ascendência alemã e italiana.
Na semana passada, o país viu notícias de intolerância e extremismo em outra frente. A Polícia Federal prendeu duas pessoas em uma operação para desmembrar uma suposta célula do grupo militante libanês Hezbollah que estaria planejando ataques a alvos judaicos no Brasil. A agência de espionagem israelense Mossad disse em uma declaração que ajudou o Brasil a frustrar um ataque.
O Brasil tem relativamente pouca história de extremismo doméstico.