Por Rodrigo Viga Gaier
RIO DE JANEIRO (Reuters) - O número de mortos durante uma operação policial nesta semana na favela Vila Cruzeiro, no Rio de Janeiro, foi revisado de 26 para 23, informou nesta quinta-feira a Polícia Civil, que disse ter contabilizado por engano três óbitos de uma outra ação policial na cidade no mesmo dia.
“A Polícia Civil informa que 23 corpos deram entrada no Instituto Médico Legal (IML) decorrentes da operação na comunidade Vila Cruzeiro. Outros três mortos que chegaram ao local vieram de uma ocorrência no Juramento“, informou a corporação em nota.
A maioria das vítimas já foi identificada e liberada pelo IML. Segundo a polícia, quase todos seriam suspeitos de envolvimento com o tráfico de drogas e foram mortos durante um confronto durante a operação, que tinha o objetivo de prender lideranças de uma facção criminosa que estariam na localidade.
Um mulher de 41 anos atingida por um disparo em uma favela vizinha ao local do conflito está entre os mortos.
Um representante da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) esteve na Vila Cruzeiro conversando com moradores e disse que há indícios de possíveis execuções na operação.
“São vários fatores que apontam para indícios de execução. Primeiro que quando há muitos mortos esse já é um indicativo. Em segundo lugar, moradores dizem que pessoas tentaram se entregar, mas foram mortas. E há casos em que há indícios de tortura antes da morte“, disse o representante da OAB Rodrigo Mondego à Reuters.
A polícia do Rio contestou o posicionamento da OAB. “Não há como afirmar, uma vez que os resultados dos exames periciais ainda não saíram. A investigação ficará a cargo da Delegacia de Homicídios da Capital“, disse a Polícia Civil em comunicado.
O Ministério Público Federal (MPF) instaurou um procedimento investigatório criminal para “apurar as condutas, eventuais violações a dispositivos legais, as participações e responsabilidades individualizadas de agentes policiais federais na ação".
O número de vítimas fatais faz da ação de terça-feira na Vila Cruzeiro uma das mais letais já realizadas pela polícia fluminense. A ação mais letal ocorreu no Jacarezinho, também na zona norte da capital fluminense, há um ano, quando 28 pessoas morreram.