Por Alistair Smout e William James
LONDRES (Reuters) - O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, teve sua autoridade atingida nesta quinta-feira quando parlamentares iniciaram uma investigação para descobrir se ele enganou o Parlamento e um ex-aliado influente pediu que ele renunciasse.
Johnson tem lutado há meses por sua sobrevivência política após ter dito ao Parlamento que seu gabinete em Downing Street seguiu todas as regras do lockdown durante a pandemia de Covid-19 e um relatório interno ter depois descoberto que o local foi palco de festas regadas a álcool na época.
Desde então, a polícia multou Johnson. Ele nega ter deliberadamente enganado o Parlamento, o que é motivo para renúncia, e diz que cometeu um erro, sem perceber que estava infringindo as regras. O premiê se desculpou por sua conduta.
Durante o debate parlamentar, políticos de todos os lados pediram que Johnson renunciasse, e parlamentares apoiaram uma moção da oposição de que as suas declarações “parecem caracterizar uma tentativa de enganar a Casa” e devem ser investigadas pelo Comitê de Privilégios. Os membros do Partido Conservador de Johnson não se opuseram.
O episódio revive questionamentos sobre o futuro de Johnson. Mais multas e revelações sobre festas durante o lockdown ainda são possíveis, e eleições locais marcadas para 5 de maio devem revelar que a confiança dos eleitores em sua liderança foi muito abalada.
“Eu não quero que isso continue indefinidamente. Mas eu não tenho absolutamente nada para esconder, sendo franco”, disse Johnson à emissora Sky News, ao ser questionado sobre a investigação durante visita à Índia.
No debate antes da votação da moção, um parlamentar do Partido Conservador que já foi aliado de Johnson disse que o primeiro-ministro deveria agora renunciar.
Steve Baker acusou o premiê de quebrar a "letra e o espírito" da lei, acrescentando: "O primeiro-ministro agora deveria ter ido há muito tempo... (Ele) deveria saber que o show acabou".
Baker, um ex-ministro, apoiou fortemente Johnson durante a saída do Reino Unido da União Europeia e mantém influência entre parlamentares conservadores após conseguir coordenar a resistência deles às tentativas de diluir o Brexit.