Por Benoit Nyemba
KINSHASA (Reuters) - O rei Philippe, da Bélgica, devolveu uma máscara tradicional à República Democrática do Congo nesta quarta-feira em sua primeira visita à ex-colônia, onde muitos continuam indignados com o fato de a Bélgica não se desculpar por décadas de governo brutal.
Segundo algumas estimativas, assassinatos, fome e doenças mataram até 10 milhões de congoleses durante apenas os primeiros 23 anos do domínio da Bélgica, que durou de 1885 a 1960, quando o rei Leopoldo II governou o Estado Livre do Congo como um feudo pessoal.
Em 2020, Philippe se tornou a primeira autoridade belga a lamentar o “sofrimento e humilhação” infligidos ao Congo. Mas ele não chegou a pedir desculpas, e alguns congoleses exigiram que ele o fizesse durante sua primeira visita desde que assumiu o trono em 2013.
"Eles nos deixaram isolados, abandonados. Eles saquearam todos os nossos recursos, e hoje você convida o rei belga de novo?", disse Junior Bombi, vendedor no mercado central de Kinshasa.
Philippe chegou na terça-feira com sua esposa, a rainha Mathilde, e o primeiro-ministro Alexander De Croo para uma visita de uma semana. Ele deve discursar em uma sessão conjunta do Parlamento do Congo ainda nesta quarta-feira.
O presidente do Congo, Félix Tshisekedi, disse durante uma breve entrevista coletiva com De Croo que estava focado em cooperar com a Bélgica para atrair investimentos e melhorar os cuidados de saúde e a educação no Congo.
Philippe ofereceu a máscara de iniciação do povo Suku ao museu nacional do Congo como um "empréstimo indefinido". A máscara é mantida há décadas pelo Museu Real da Bélgica para a África Central.
"Estou aqui para devolver a vocês este trabalho excepcional para permitir que os congoleses o descubram e admirem", disse Philippe, ao lado de Tshisekedi. "Marca o início simbólico do reforço da colaboração cultural entre a Bélgica e o Congo."