Por Mark Gleeson
(Reuters) - De repente, a República Democrática do Congo tem a chance de um sucesso inesperado na Copa das Nações Africanas enquanto se prepara para enfrentar a anfitriã Costa do Marfim na semifinal na próxima quarta-feira em Abidjan, exatos 50 anos após o seu primeiro e único título na competição.
Os congoleses são participantes consistentes da competição, sendo esta a 19º edição que disputam, mas há muito tempo o país não é considerado uma grande força do futebol africano, perdendo a posição de destaque que outrora ocupou após décadas de instabilidade política e declínio econômico.
Quando ainda se chamava Zaire, o país levantou o título da Copa das Nações Africanas em 1974 e no mesmo ano foi para a Copa do Mundo na Alemanha Ocidental como único representante do continente, mas não teve sucesso desde então e nem sequer se classificou para a última edição do torneio continental em Camarões, há dois anos.
Mas agora os congoleses têm uma oportunidade real, ainda que enfrentando o país anfitrião nas semifinais.
“Estamos nas semifinais e, claro, seria estúpido não acreditar que podemos seguir em frente e chegar à final”, disse o técnico Sebastien Desabre. “Mas vai ser difícil e o nosso adversário é uma equipe 'top'. Teremos que ter um desempenho de alto nível, mas é óbvio que quando se está nas semifinais você quer chegar à final. E então, se você tiver a chance de ir à final, de vencê-la, tem que acreditar. Faremos de tudo para sair de campo sem arrependimentos.”
A República Democrática do Congo chegou às quartas-de-final na Costa do Marfim sem vencer um único jogo, mas conseguiu sua primeira vitória de forma convincente no jogo da última sexta-feira, em Abidjan, contra Guiné, vencendo por 3x1.
A equipe empatou as três partidas que realizou no Grupo F, terminou em segundo lugar e eliminou o Egito nas oitavas, vencendo nos pênaltis após prorrogação e empate em 1x1.
“Nossa primeira vitória (sobre a Guiné) veio na hora certa porque estamos ganhando impulso na competição. Podem dizer que só vencemos uma vez, mas há que se considerar que também não perdemos neste torneio”, acrescentou o técnico francês, que trabalha no continente há mais de uma década.
O elenco da seleção é composto principalmente por jogadores nascidos na Europa, mas com pais congoleses, refletindo o que vem sendo a marca do futebol africano moderno, em que as seleções nacionais dão grande importância aos jogadores de clubes europeus.
Reunir atletas de origens diferentes – há jogadores belgas, ingleses, franceses e suíços na seleção congolesa – tem sido o sucesso de Desabre.
“O treinador trouxe algo especial ao envolver todo mundo. Todos estão lutando para ir o mais longe possível. Desde que chegou, ele nos incentivou a lutar como uma equipe”, disse o meio-campista congolês e criado na Bélgica, Joris Kayembe.