Por David Morgan e Moira Warburton e Andy Sullivan
WASHINGTON (Reuters) - O republicano Kevin McCarthy foi eleito presidente da Câmara dos Estados Unidos no começo deste sábado, após fazer grandes concessões a um grupo de parlamentares linha-dura de direita que levantam questões sobre a capacidade que o partido terá para governar.
A vitória de McCarthy na 15ª rodada de votação encerrou a mais profunda disfunção do Congresso em mais de 160 anos, mas ilustrou nitidamente as dificuldades que ele terá para liderar uma maioria apertada e muito polarizada.
Ele finalmente venceu por 216 a 212, e conseguiu ser eleito com os votos de menos da metade dos membros da Câmara apenas porque seis parlamentares do seu próprio partido se abstiveram --sem apoiar McCarthy como líder, mas também sem votar em outro candidato.
Ao pegar o martelo pela primeira vez, McCarthy representou o fim do controle dos democratas do presidente Joe Biden nas duas casas do Congresso.
“Nosso sistema é construído sobre freios e contrapesos. É hora de sermos um freio e oferecer algum contrapeso às políticas do presidente”, disse McCarthy, em seu discurso de posse, que apresentou uma ampla gama de prioridades, de cortar gastos com imigração a enfrentar guerras culturais.
McCarthy foi eleito apenas depois de concordar com uma demanda do grupo linha-dura de que qualquer parlamentar pode pedir a sua saída do cargo a qualquer momento. Isso reduzirá muito o poder que ele terá para passar projetos de lei sobre questões críticas, como o financiamento do governo, abordar o iminente teto da dívida do país e outras crises que possam surgir.
O desempenho mais fraco do que o esperado dos republicanos nas eleições de meio de mandato em novembro os deixou com uma apertada maioria de 222 a 212, o que deu um poder descomunal aos parlamentares de direita que se opõem à liderança de McCarthy.
Essas concessões, que incluem altos cortes de gastos e outras restrições aos poderes de McCarthy, podem apontar para mais turbulência nos próximos meses, especialmente quando o Congresso precisará aprovar mais uma ampliação da dívida de 31,4 trilhões de dólares.
Ao longo da última década, os republicanos várias vezes causaram um fechamento de boa parte do governo e levaram o maior devedor do mundo à beira da inadimplência, na tentativa de extrair drásticos cortes de gasto, geralmente sem sucesso.
(Reportagem de David Morgan, Moira Warburton e Andy Sullivan; reportagem adicional de Gram Slattery, Jason Lange e Makini Brice)