Por Yevhen Titov
PERTO DE CHASIV YAR, Ucrânia (Reuters) - Forças russas realizaram ataques implacáveis contra Bakhmut nesta quarta-feira, tentando cercar a pequena cidade do leste da Ucrânia e conseguir sua primeira grande conquista em mais de meio ano, após alguns dos combates mais sangrentos da guerra.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, acusou Moscou de lançar uma série de soldados para a batalha em Bakhmut sem se importar com suas vidas. O líder do grupo mercenário Wagner, da Rússia, disse que os ucranianos estão oferecendo "resistência impetuosa", tentando manter a cidade a todo custo.
A Rússia também disse ter repelido um grande ataque de drones na Crimeia, a península que suas forças tomaram e alegaram ter anexado em 2014. Isso aconteceu um dia depois que Moscou acusou Kiev de lançar uma série de ataques de drones contra alvos na própria Rússia.
A Reuters conseguiu chegar a Bakhmut pelo oeste na segunda-feira, prova de que a cidade ainda não estava cercada, apesar das forças russas pressionarem do norte e do sul para fechar as últimas rotas.
Chamas e fumaça subiam ao céu de edifícios em chamas. Tiroteios e explosões constantes ecoavam. Veículos blindados ucranianos rugiam pelas ruas, enquanto cães vagavam por lama e escombros.
Milhares de moradores permanecem dentro da cidade em ruínas de uma população pré-guerra de cerca de 70.000.
"É realmente assustador", disse um homem de meia idade enrolado em um casaco e uma toca de lã nos degraus de seu bloco de apartamentos.
"Mal consigo mover minhas pernas -- elas mal se movem -- devido ao estresse da situação", afirmou ele. "Enquanto minha casa estiver intacta e eu não estiver ferido, ficarei aqui."
Na cidade de Chasiv Yar, a oeste, uma mercearia estava em chamas.
"Não vamos desistir de Bakhmut. Vamos mantê-la até o fim", disse à Reuters um médico do Exército de 25 anos que se dirigia para o front. "Glória à Ucrânia, morte aos inimigos."
A área ao redor de Bakhmut era a única parte do front onde Moscou obteve ganhos substanciais durante uma ofensiva de inverno que registrou o que ambos os lados descrevem como a luta mais sangrenta da guerra.
"A Rússia em geral não leva em conta as pessoas e as envia em ondas constantes contra nossas posições, a intensidade da luta está aumentando", disse Zelenskiy em um discurso noturno, descrevendo a luta em Bakhmut como "a mais difícil", mas sua defesa como essencial.
Depois de perder um extenso território no segundo semestre de 2022, as forças russas foram reabastecidas por centenas de milhares de reservistas.
Kiev, por sua vez, manteve-se principalmente na defesa nos últimos três meses, esperando que o ataque da Rússia exaurisse as forças de Moscou antes que a Ucrânia lançasse um contra-ataque com novas armas prometidas pelo Ocidente.