Por Pavel Polityuk e Max Hunder
KIEV (Reuters) - A Ucrânia afirmou nesta terça-feira que a Rússia tomou a maior parte da cidade industrial de Sievierodonetsk, no leste, uma terra arrasada que foi bombardeada e cuja captura se tornou o principal objetivo da invasão de Moscou.
O ataque total da Rússia à cidade na província de Luhansk, na Ucrânia, foi recebido com muita resistência das forças ucranianas. Separatistas apoiados pelos russos em Luhansk reconheceram que tomar a cidade estava levando mais tempo do que esperavam, apesar de um dos maiores ataques terrestres da guerra de três meses.
Após não conseguir capturar a capital Kiev e ser retirada do norte da Ucrânia, uma vitória russa em Sievierodonetsk e através do rio Siverskyi Donets em Lysychansk traria controle total de Luhansk, uma das duas províncias no leste que Moscou reivindica em nomes dos separatistas.
O governador regional de Luhansk, Serhiy Gaidai, disse que quase todas as infraestruturas críticas de Sievierodonetsk haviam sido destruídas e que 60% das propriedades residenciais foram danificadas a ponto de não poderem mais ser consertadas.
“A maioria de Sievierodonetsk está sob controle dos russos. A cidade não está cercada e ainda não há os pré-requisitos para isso acontecer”, disse Gaidai. O bombardeio russo tornou impossível levar auxílio ou retirar as pessoas, acrescentou.
Um líder separatista pró-Moscou afirmou que as batalhas continuavam na cidade, mas que representantes russos avançavam mais lentamente do que o esperado para “manter a infraestrutura da cidade” e ter cuidado em torno das instalações químicas.
“Podemos dizer que um terço de Sievierodonetsk já está sob nosso controle”, disse Leonid Pasechnik, líder da República Popular de Luhansk, pró-Moscou, segundo a agência estatal de notícias russa Tass.
“ATIRANDO HOMENS E MUNIÇÕES”
O presidente russo, Vladimir Putin, agora está “atirando homens e munições” contra Sievierodonetsk, “como se tomá-la fosse vencer a guerra para o Kremlin. Ele está errado”, escreveu o instituto Study of War, sediado em Washington, esta semana.
Milhares de moradores continuam presos na cidade. Forças russas avançavam na direção da sua região central, mas lentamente, disse o governador regional Gaidai. O avanço da Rússia pode forçar tropas ucranianas a recuar através do rio para Lysychansk, acrescentou.
Jan Egeland, secretário-geral da agência de auxílio Conselho Norueguês de Refugiados, que há muito tempo operava em Sievierodonetsk, disse que ficou “horrorizado” com a sua destruição. Até 12.000 civis permanecem na linha de tiro, sem acesso suficiente a água, alimentação, remédios ou eletricidade, disse Egeland.
EMBARGO DE PETRÓLEO
Em resposta a um acordo da União Europeia de cortar importações do petróleo russo, Moscou ampliou o seu corte de gás à Europa, uma medida que aumentou os preços e acirrou a batalha econômica com Bruxelas.
A Gazprom da Rússia afirmou que fecharia seus fornecimentos à distribuidora holandesa de gás, GasTerra, à dinamarquesa Orsted e à Shell (NYSE:SHEL) Energy, em seus contratos de gás para a Alemanha, após eles recusarem o esquema de pagamento por rublos proposto por Moscou.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, aprovou a medida da UE de cortar as importações de petróleo da Rússia para 90%, a ação mais dura do bloco até agora, mas criticou o que chamou de uma demora “inaceitável”.
(Reportagem de redações da Reuters)