Por Jonathan Allen
NOVA YORK (Reuters) - O novo romance de Salman Rushdie, "Victory City", será publicado na terça-feira, quase seis meses depois que um homem esfaqueou o escritor no palco durante uma palestra no Estado de Nova York, no que foi amplamente condenado como um ataque à liberdade de expressão.
Rushdie, de 75 anos, ficou cego do olho direito e sua mão esquerda foi gravemente ferida pelo esfaqueamento, que aconteceu mais de três décadas depois que o Irã instruiu os muçulmanos a matar Rushdie por causa do que os líderes religiosos do país disseram ser blasfêmia em seu romance "Os Versos Satânicos", de 1988.
O 15º romance de Rushdie será publicado pela editora Penguin Random House e assume a forma de uma tradução de um épico mítico originalmente escrito em sânscrito sobre o Império Vijayanagara, que governou grande parte do extremo sul do subcontinente indiano no século 14.
Desde o ataque, Rushdie tem tido dificuldades para escrever e tem sofrido com pesadelos, segundo disse à revista New Yorker em entrevista publicada esta semana. Ele chamou o homem acusado de sua tentativa de homicídio, Hadi Matar, de idiota na entrevista.
"Tudo o que vi foi sua entrevista idiota no New York Post", disse Rushdie, que nasceu em Bombaim, hoje Mumbai, e foi criado em uma família muçulmana. "Algo que só um idiota faria."
Matar, de 25 anos, disse ao Post em uma entrevista na prisão logo após o esfaqueamento que achava que Rushdie havia insultado o Islã.
Depois que o aiatolá Ruhollah Khomeini, então líder supremo do Irã, pronunciou uma fatwa, ou decreto religioso, pedindo a morte de Rushdie, o escritor passou anos escondido sob a proteção da polícia britânica. Mas nos últimos anos ele viveu mais abertamente e foi visto com frequência na cidade de Nova York.
(Reportagem de Jonathan Allen)