Por Eduardo Simões e Sérgio Queiroz
SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) -Sem discursar aos apoiadores, o presidente Jair Bolsonaro compareceu rapidamente à manifestação favorável ao seu governo na manhã deste domingo em Brasília e afirmou, em uma transmissão ao vivo em suas redes sociais, que o ato era "em defesa da Constituição, da democracia e da liberdade".
Na capital federal, os manifestantes favoráveis ao governo se reuniram no gramado em frente ao Congresso Nacional diante de um carro de som. Imagens aéreas da TV mostravam o grupo espalhado pelo gramado em uma quantidade aparentemente inferior à de manifestações anteriores.
"Vim cumprimentar o pessoal, que está aqui numa manifestação pacífica em defesa da Constituição, da democracia e da liberdade. Então parabéns a todos em Brasília e em todo o Brasil que hoje estarão nas ruas. Estamos juntos, o Brasil é nosso, Deus, pátria e família", disse Bolsonaro em uma rede social.
Manifestações a favor do presidente, que recentemente abriu um novo capítulo de seu embate com o Supremo Tribunal Federal, também ocorriam em outras capitais.
Recentemente Bolsonaro deu a graça, um perdão presidencial, ao deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ), condenado a quase nove anos de prisão pelo STF por ameaças a ministros da corte e por ataques á democracia. O ministro Alexandre de Moraes foi o relator do processo que levou à condenação de Silveira por 10 votos a 1.
No Rio de Janeiro, onde uma grande quantidade de manifestantes se reuniu na praia de Copacabana, muitos traziam cartazes contra o Supremo e contra Moraes. Um grupo carregava um caixão com a foto do magistrado e a mensagem "enterro das ações do Alexandre de Moraes".
Outros manifestantes também carregavam uma faixa com a frase "STF origem do mal e da insegurança nacional" e pedindo o impeachment de Moraes.
"O brasileiro tem que entender que, se não for agora, a gente não consegue mais mudar o Brasil. O PT que roubou tanto o Brasil não pode voltar", disse à Reuters o engenheiro civil Marcos Danzo, presente na manifestação em Copacabana.
Silveira compareceu ao ato na capital fluminense e, antes de discursar, foi saudado como "futuro senador" e "futuro governador" do Estado. Ao condenar o parlamentar, o STF apontou a sua inelegibilidade.
O deputado exaltou Bolsonaro, disse que o Brasil tem hoje presos políticos e que o presidente quase foi morto para salvar a população, em referência ao atentado sofrido por Bolsonaro durante a campanha eleitoral de 2018.
"O presidente nunca se rendeu, ele tem todo o sistema, todo o establishment, batendo nele", disse Silveira.
Mais cedo, em Niterói, ele afirmou que sua prisão determinada pelo STF foi inconstistucional.
Em São Paulo, os apoiadores do presidente se reuniram na Avenida Paulista diante de um carro de som estacionado próximo ao Museu de Arte de São Paulo (Masp). Eles usavam roupas verde e amarelas e também gritavam palavras de ordem e carregavam cartazes contra o STF e a favor de Bolsonaro.
Organizado pela deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), uma da principais apoiadoras de Bolsonaro, além de outros parlamentares bolsonaristas, o ato na capital paulista foi intitulado de "em defesa da liberdade" e em apoio a Silveira.
Recentemente, cerca de 70 parlamentares aliados do governo apresentaram nesta semana um projeto que anistia réus em processos por "crime de opinião" abertos entre 2019 e 2022, por considerar que tais condenações são inconstitucionais e ferem a liberdade de expressão.
Outras manifestações, essas organizadas pelas centrais sindicais que apoiam em conjunto a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, também acontecem para marcar o Dia do Trabalhador, celebrado neste domingo.
A principal delas ocorre em frente ao Estádio do Pacaembu, na capital paulista, e terá a presença de Lula, que discursou aos manifestantes.
(Reportagem adicional de Rodrigo Viga Gaier, no Rio de Janeiro)