Por Oleksandr Kozhukhar e Pavel Polityuk
LVIV, Ucrânia (Reuters) - A Rússia quer dividir a Ucrânia em duas, como aconteceu com as Coreias do Norte e do Sul, disse o chefe da inteligência militar da Ucrânia neste domingo, prometendo uma guerrilha "total" para evitar a divisão do país.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, pediu ao Ocidente que dê à Ucrânia tanques, aviões e mísseis para ajudar a afastar as forças russas, cujos ataques têm mirado cada vez mais depósitos de combustíveis e alimentos, segundo o governo de Kiev.
Autoridades norte-americanas continuaram os esforços para suavizar os comentários de sábado do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que disse em um discurso inflamado na Polônia que o líder russo, Vladimir Putin, "não pode permanecer no poder".
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, disse que Washington não tem estratégia para mudança de regime em Moscou e que Biden simplesmente quis dizer que Putin não pode ser "autorizado a declarar guerra" contra a Ucrânia ou qualquer outro lugar.
Após mais de quatro semanas de conflito, a Rússia não conseguiu tomar nenhuma grande cidade ucraniana e Moscou sinalizou na sexta-feira que estava reduzindo suas ambições para se concentrar em proteger a região de Donbass, no leste da Ucrânia, onde separatistas apoiados pela Rússia têm lutado contra o exército ucraniano pelos últimos oito anos.
Um líder local da autoproclamada República Popular de Luhansk disse neste domingo que a região poderá em breve realizar um referendo sobre a adesão à Rússia, assim como aconteceu na Crimeia depois que a Rússia tomou a península ucraniana em 2014.
Os crimeanos votaram de forma esmagadora a favor de romper com a Ucrânia e se juntar à Rússia -- uma votação que grande parte do mundo se recusou a reconhecer.
"Na verdade, isso é uma tentativa de criar as Coreias do Norte e do Sul na Ucrânia", disse Kyrylo Budanov, chefe da inteligência militar ucraniana, em um comunicado, referindo-se à divisão da Coreia após a Segunda Guerra Mundial.
Ele prevê que o exército da Ucrânia fará com que as forças russas recuem.
"Além disso, a temporada de um safári de guerrilha ucraniano total começará em breve. Então restará um cenário relevante para os russos: como sobreviver", disse ele.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia também descartou a possibilidade de qualquer referendo no leste da Ucrânia.
"Todos os referendos falsos nos territórios temporariamente ocupados são nulos e sem efeito e não terão validade legal", disse Oleg Nikolenko à Reuters.
Moscou diz que os objetivos do que Putin chama de "operação militar especial" incluem desmilitarizar e "desnazificar" seu vizinho. A Ucrânia e seus aliados ocidentais chamam isso de pretexto para uma invasão não provocada.
(Reportagem de jornalistas da Reuters em Mariupol, Natalia Zinets e Maria Starkova em Lviv, Jarrett Renshaw em Varsóvia e Lidia Kelly em Melbourne; Guy Faulconbridge em Londres e Matthias Williams)