Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) -O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, conversou nesta terça-feira com o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, em um primeiro diálogo que tratou, entre outros temas, da viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva aos Estados Unidos e da situação na Venezuela, segundo fontes ouvidas pela Reuters.
Em um momento em que o governo de Joe Biden ensaia uma abertura ao diálogo com o governo venezuelano de Nicolás Maduro, o tema do país vizinho vinha surgindo nas conversas entre os norte-americanos e o governo Lula mesmo antes da posse do presidente.
No início de dezembro, Lula teve um encontro com o conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Jake Sullivan, e o assessor de Biden para América Latina, Juan González. Na conversa, Sullivan disse a Lula que a posição norte-americana é de que seria fundamental uma eleição no país que os Estados Unidos pudessem considerar “justa”, e que, nesse caso, o vencedor seria reconhecido, de acordo com o relato feito à época pelo ex-chanceler Celso Amorim.
O novo governo brasileiro é visto como uma possível ponte com a Venezuela, já que Lula sempre teve um bom relacionamento com os governantes do país.
O telefonema durou cerca de 40 minutos e tratou de outros temas da agenda bilateral, incluindo meio ambiente, cooperação e comércio. No dia anterior, Blinken havia usado sua conta no Twitter para cumprimentar Lula e o vice-presidente, Geraldo Alckmin, pela posse.
"Estamos ansiosos para continuar a forte parceria entre Estados Unidos e Brasil e comércio, segurança, desenvolvimento sustentável, inovação e inclusão. Um brinde a um futuro brilhante para nossos países -- e o mundo", escreveu o secretário de Estado.
Os dois governos estão trabalhando em uma data para uma visita de Lula a Washington, disse o Departamento de Estado dos EUA. O Itamaraty não respondeu de imediato a um pedido de comentário.
De acordo com uma das fontes ouvidas pela Reuters, é possível que a viagem ocorra em fevereiro, mas não houve definição.
Lula foi convidado para a visita aos Estados Unidos durante a visita de Sullivan ao Brasil. O recado de Biden é de que poderia receber o brasileiro ainda antes da posse, o que não é usual. No entanto, o tempo curto e as dificuldades de montagem de governo e da aprovação da PEC da Transição levaram o presidente a adiar a visita.
Lula tem já duas viagens marcadas. A primeira delas, entre 23 e 25 de janeiro, será para a Argentina, em uma visita oficial e também para participar da Cúpula dos Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac). A segunda, anunciada na segunda pelo presidente de Portugal, uma viagem oficial a Lisboa, em abril.
Procurados, o Itamaraty e o Departamento de Estado dos EUA não responderam de imediato a pedidos de comentários sobre o telefonema.
(Reportagem de Lisandra ParaguassuEdição de Flávia Marreiro)