Paris, 15 mai (EFE).- O presidente da França Emmanuel Macron realiza nesta segunda-feira, como já se tornou costume para quem assume a chefia de Estado, uma primeira viagem a Berlim, na Alemanha, para apresentar seu projeto de Europa, mas que implica em reformas delicadas que ainda não contam com a chancela do governo alemão.
Macron, que será recebido pela chanceler Angela Merkel às 17h30 locais (12h30 de Brasília), dedicou parte importante de seu discurso inaugural ontem para ressaltar a importância de relançar o projeto europeu como base para que a França possa se manter como uma potência mundial que projeta sua influência no mundo.
Nesse pronunciamento, Macron insistiu que será necessária "uma Europa mais eficaz, mais democrática, mais política" que ofereça "proteção", e disse que trabalhará para isso.
Durante a campanha para sua eleição, ao contrário da maior parte dos outros candidatos, sobretudo de Marine Le Pen, Macron tinha evitado culpar Bruxelas e a União Europeia (UE) pelos problemas franceses.
Apesar de ter estipulado uma série de mudanças no funcionamento da UE e da zona euro, Macron adiantou que, para convencer as instituições comunitárias e seus sócios, em particular a Alemanha, a França deve dar exemplo colocando em ordem suas contas públicas e com reformas como a do mercado trabalhista.
Entre esses objetivos, um dos que mais entram em choque com Berlim é o de um orçamento da zona do euro para financiar investimentos, ajudar os países que sofram um choque econômico e reduzir os desequilíbrios entre os países que utilizam a moeda única.
À frente desse orçamento estaria um "ministro de Finanças da zona do euro", que seria controlado por uma estrutura parlamentar específica.
O ministro de Finanças da Alemanha, Wolfgang Schäuble, advertiu, em uma entrevista publicada hoje no jornal francês "Le Figaro", que esse orçamento "não é realista", porque seriam necessárias mudanças nos tratados, algo para o qual é preciso a unanimidade dos 27 Estados da UE, e em muitos casos - como a França - a organização de referendos.
Outra proposta polêmica de Macron é a de reservar uma quota nas licitações públicas na UE para empresas que tenham pelo menos 50% de suas atividades em território europeu, a exemplo do que acontece nos Estados Unidos.
França e Alemanha, no entanto, coincidem na vontade de corrigir a diretiva europeia sobre os trabalhadores deslocados porque considera que esta permitiu abusos generalizados e uma concorrência desleal.
Sua ideia é que "devem haver regras mais rígidas", um fortalecimento dos controles, uma limitação do tempo das missões dos trabalhadores deslocados e, sobretudo, uma equiparação da remuneração de um trabalhador quando estiver em um país determinado, à margem do país de onde ele provém.
Macron parabenizou Merkel durante a campanha por ela ter assumido "suas responsabilidades" diante da onda de refugiados que chegou à Europa e disse que os países europeus deveriam respeitar seus "valores", mas especificou que a situação na França é diferente.
O jovem político social liberal (39 anos) prometeu lançar um plano de investimentos de 50 bilhões de euros de quatro anos na França, mas quer que seus sócios europeus participem e amplifiquem este mecanismo, sobretudo a Alemanha com seu superávit fiscal.