Por Leandro Manzoni
Investing.com - A indústria de fundos de investimentos sofreu em 2022, de acordo com dados da Anbima, com retirada líquida de R$ 162,92 bilhões em meio a um cenário macroeconômico com alta inflação e juros elevados no Brasil e no mundo.
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Além de uma situação econômica adversa, os custos atuais de uma gestora estão altos, na avaliação de Marcelo Cerize, fundador junto com seu irmão Pedro Cerize da Lev DTVM, corretora voltada para investidores institucionais.
“O custo implícito de uma ordem mal executada é muito maior do que se imagina”, analisa Marcelo Cerize durante sua apresentação na última quinta-feira (9) na B3 antes do toque do sino na bolsa brasileira para marcar o início de operações da Lev.
O objetivo da nova corretora é, por meio de uma estrutura enxuta e tecnológico por meio de algoritmos proprietários, a redução de custos dos clientes, com potencial de economia em R$ 200 milhões no mercado de mini índice e de até R$ 600 milhões em índice cheio.
O segundo passo da corretora é, nos próximos meses, desenvolver o mercado de trade de alta frequência oferecendo um serviço para interessados em desenvolver o seu próprio algoritmo. Como também a trabalhar, sem contrato de exclusividade, com os assessores de investimento, com a possibilidade da oferta de um home broker personalizado para cada cliente dos assessores.
As operações começam com 20 clientes e expectativa de transacionar, no primeiro mês, cerca de R$ 2 bilhões no mercado à vista, e aproximadamente 500 mil contratos no mercado futuro. Sob o investimento de cerca de R$ 21 milhões próprios, a expectativa da Lev é alcançar o breakeven (retorno do total investido) entre 12 e 18 meses.
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Após o toque do sino, Marcelo Cerize concedeu entrevista ao Investing.com:
Investing.com: Como surgiu a ideia da Lev?
Marcelo Cerize: A Lev surgiu da ideia de transformar a maneira como o corretor interage com o investidor institucional. Os fundos de investimentos têm sofrido ao longo do tempo com a indústria. Do outro lado, achei que era hora de lançar uma corretora para atender esse público com diferencial que ele precisa.
Apesar de a indústria de fundos ter encolhido no ano passado, é o momento ideal para nascer. As assets estão acomodando suas estruturas e a Lev pode oferecer nesse momento um bom serviço a um bom custo e oferecer ganho real, além de ser uma alternativa para o mercado, que ficou superconcentrado na mão de poucos players.
Existe neste cenário uma busca natural por novos participantes, que sejam eficientes, o que a Lev pretende ser. Fizemos um passo gigantesco para crescer.
Inv.com: Pode dar um exemplo de dor atual no mercado para os gestores e a solução que a Lev propõe?
MC: O custo atual de uma asset é muito alto, que fica espremido entre o custo regulatório e de estrutura e o custo de distribuição. Esse último ficou alto em comparação a 2001, quando a gente fazia a distribuição com os maiores privates banking no Brasil com um custo padrão de 25%. Hoje se fala em 50%.
O gestor fica espremido: se ele abaixar a taxa de administração, não consegue vender os seus produtos. Se aumentar a taxa de distribuição, ele não atrai o investidor. O peso maior ficou para a distribuição e o gestor ficou sem força nessa balança.
Existe um espaço muito grande no mercado, a Lev quer suprir as dificuldades atuais do gestor, com serviços especializados com algoritmos que realmente agreguem valor na execução. Além da competitividade de preço usando a tecnologia.
Inv.com: Quais são as vantagens do algoritmo proprietário?
MC: O algoritmo proprietário nasceu de uma da experiência que tive ao longo do tempo, identificando padrões que aconteciam em uma mesa de operação para ser executada em milésimos de segundos. Tenho certeza de que esses algoritmos economizam na execução, com potencial de economia de R$ 200 milhões para os gestores em contratos de mini-índice, por exemplo.
O ganho da Lev é na execução melhor, deixando de ser manual para uma execução inteligente através de algoritmo.
Inv.com: Como se obtém a agilidade nas negociações?
A Lev está com uma infraestrutura mais próxima possível do servidor de negociação. Todo o processamento é em nuvem, mas os servidores de baixa latência estão na B3 (BVMF:B3SA3).
Conseguimos oferecer uma estrutura resiliente, porque estamos suportados pela estrutura da B3, com o risco muito menor de as operações caírem.
Além do fluxo ser completamente eletrônico, ou seja, não é passa pela mesa. O gestor vai ter a segurança de que nenhum outro cliente vai ficar sabendo de sua ordem.
Fora a vantagem de baixa latência estrutura com tão baixa latência.
Inv.com: Qual é a perspectiva dos valores de custódia e participação de mercado?
MC: Como estamos focados no começo no investidor institucional, acabo não tendo esse ativo sob custódia. Na verdade, isso está debaixo dos gestores.
O que importa é o volume de negócios que passa pela plataforma. Se a Lev conseguir atingir por volta de 10% dos gestores do Brasil, acho que consegue ter uma participação de aproximadamente 2% do mercado de ativos negociados no mercado futuro.
Tem um espaço gigantesco para crescer. Além de outras frentes que a gente pode abrir,
Já temos alguns contatos para abrir novas frentes, principalmente para incentivar o trade de alta frequência no Brasil, fazendo automatizações, oferecendo infraestrutura para aquelas pessoas que querem desenvolver o seu próprio algoritmo e operar no mercado de alta frequência. A Lev vai oferecer uma estrutura super barata para incentivar e fazer esse mercado crescer.