BRASÍLIA (Reuters) - A presidente Dilma Rousseff, que concorre à reeleição pelo PT, disse neste sábado que pedirá ressarcimento de recursos desviados da Petrobras, mas que isso não está ao alcance do governo no momento, e lamentou vazamentos seletivos do depoimento de delação premiada de um ex-diretor das estatal.
"Eu tomarei todas as medidas para ressarcir tudo e todos, mas ninguém sabe hoje ainda o que deve ser ressarcido, porque a chamada delação premiada, que tem os dados mais importantes, não foi entregue a nós", disse.
"Agora ressarcir eu farei todo o meu possível para ressarcir o país. Se houve desvio de dinheiro público, nós queremos ele de volta. Se houve não, houve viu", prosseguiu Dilma.
Questionada sobre as denúncias de que o ex-presidente do PSDB Sérgio Guerra também teria sido beneficiado pelo suposto esquema de corrupção na Petrobras, que é alvo de investigação da Justiça Federal e tem sido detalhado pelo ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa num acordo de delação premiada, Dilma disse que não comemoraria essa informação.
"É interessante notar que vazamentos seletivos acontecem para todos os lados. Isso não é bom, não vou aqui comemorar nada. Só acho que pau que bate em Chico também bate em Francisco, isso é uma lei", afirmou a presidente, lamentando os vazamentos do depoimento.
Dilma também contestou a proposta do seu adversário Aécio Neves, do PSDB, que disse neste sábado que manteria os investimentos no pólo naval do Rio Grande do Sul.
Para a presidente, "é estarrecedor" que o tucano se manifeste a favor desses investimentos, porque o programa de governo do PSDB sugere a revisão da política de conteúdo local, na qual se baseiam o desenvolvimento dos pólos navais pelo país.
"O plano de governo do candidato fala textualmente... em reduzir toda política industrial de conteúdo local, o pólo naval de Rio Grande, como todos os demais pólos navais, tem uma base...(que) é a política de conteúdo local feita desde 2003", disse Dilma.
"Como é possível alguém manter o pólo naval sendo contra a política de conteúdo local?", questionou Dilma.
O programa de governo divulgado por Aécio sugere que a política de conteúdo local seria removida caso ele vença as eleições.
"Políticas de exigência de conteúdo local são formas indiretas de se subsidiar produção local. A exigência de conteúdo nacional é uma forma bastante ineficiente de se subsidiar uma atividade. Se a atividade merece ser apoiada, que o seja diretamente, com subsídio direto", diz um trecho do texto.
DESRESPEITO
A presidente também disse que se sentiu desrespeitada por Aécio ao ser chamada de leviana durante os debates de TV e lamentou que a campanha tenha esse nível baixo.
"Ele (Aécio) parte para alguma atitude um tanto quanto desrespeitosa. Foram desrespeitosas comigo e desrespeitosas com a Luciana Genro (candidata do PSOL à Presidência)", disse Dilma.
"Ele pode inclusive querer processar, mas quem devia processá-lo somos nós. Ele chamou nós duas de levianas, coisa que não se faz. Não é uma fala, eu diria assim, correta para mulheres", argumentou Dilma.
(Por Jeferson Ribeiro; Edição de Cesar Bianconi)