SÃO PAULO (Reuters) - A exportação de veículos montados do Brasil em abril saltou 48 por cento sobre o mesmo período do ano passado, ajudando a indústria a acumular um recorde de vendas externas no primeiro quadrimestre do ano e a ocupar fábricas que exibem há meses níveis de ociosidade acima de 50 por cento.
Segundo dados divulgados nesta sexta-feira pela associação que representa as montadoras, Anfavea, as exportações brasileiras somaram 58.753 veículos em abril ante 39.661 unidades no mesmo período de 2016. No quadrimestre, as vendas externas somaram 232.192 veículos, 64 por cento acima do registrado nos quatro primeiros meses de 2016.
"Foi o melhor quadrimestre em exportações da história ... ajudou bastante a indústria a lidar com o problema de excesso de capacidade", disse o presidente da Anfavea, Antonio Megale, a jornalistas.
Em abril, a ociosidade dos fabricantes de automóveis foi de 52 por cento enquanto nas montadoras de caminhões o índice foi de 80 por cento.
Do total exportado no quadrimestre, 68 por cento foi para a Argentina, mercado que está atravessando forte crescimento das vendas internas neste ano, disse o diretor executivo da Anfavea, Aurélio Santana. O México foi destino de aproximadamente 13 por cento dos veículos exportados pelo Brasil no período, seguido pelo Chile, com 6 por cento; e Colômbia e Uruguai, com 4 por cento cada, acrescentou.
O mercado brasileiro de veículos acumula quatro anos de quedas e montadoras instaladas no país têm focado esforços na ampliação de exportações como forma de compensar um encolhimento de 50 por cento em suas vendas no país desde 2012.
O movimento tem sido favorecido por variações cambiais, investimentos em produtos e por novos acordos comerciais, como o acertado com a Colômbia neste ano.
"Estamos vendo que a estabilidade (do mercado interno) está chegando", disse Megale ao ser questionado sobre o desempenho do setor no atual semestre. Ele acrescentou que a expectativa da Anfavea segue sendo de recuperação mais significativa das vendas de veículos novos no Brasil a partir do segundo semestre, impulsionada pelos movimentos de redução de juros e aumento da confiança na economia.
Com isso, a Anfavea segue estimando que a produção de veículos do Brasil deverá crescer 11,9 por cento neste ano e as vendas no mercado interno deverão avançar 4 por cento.
Já as exportações são previstas em 558 mil veículos em 2017, crescimento de 7,2 por cento. O número provavelmente será revisto em meados do ano, uma vez que o ritmo atual aponta para vendas externas de 696,6 mil unidades este ano, avanço de quase 34 por cento sobre 2016.
Megale citou que, apesar de as vendas internas no acumulado do ano ainda estarem 34 por cento abaixo da média histórica dos últimos anos, de 954 mil veículos, a média de licenciamentos por dia útil tem dado sinais de melhora. Em abril, a média diária cresceu 7 por cento sobre as vendas de 8.147 unidades por dia útil de um ano antes.
Sobre maio, a expectativa da Anfavea é de um mês "bastante importante em termos de resultado" de vendas, principalmente por causa de quatro dias úteis a mais de licenciamentos que abril, disse Megale.
Por conta das exportações e da expectativa de vendas de maio, o setor terminou abril com estoques equivalentes a 41 dias de vendas, um dia a menos que março, algo considerado como adequado pela Anfavea, disse o presidente da entidade. Em volume, os estoques somaram 216,4 mil unidades, praticamente em linha com as 220 mil de março e acima das 187,7 mil de janeiro.
A produção do mês passado cresceu 11,4 por cento sobre abril de 2016, para 191,1 mil veículos. Mas esse volume representou uma queda de quase 19 por cento sobre março. Megale afirmou que a queda na comparação mensal deve-se a um volume de dias úteis menor. Além disso, segundo ele, a produção foi parcialmente afetada pela convocação de greve geral no país na semana passada.
No acumulado de janeiro a abril, a produção de veículos mostra alta de 20,9 por cento sobre o mesmo período do ano passado, para 801,6 mil unidades. O volume está 18 por cento abaixo da média para o período, de 977 mil veículos, segundo a Anfavea.
O setor terminou abril com 120,9 mil postos de trabalho ocupados, queda de 6,5 por cento sobre um ano antes, pressionada pelo recuo de 8,8 por cento do segmento de autoveículos, enquanto em máquinas agrícolas e rodoviárias houve alta de 9,5 por cento.
(Por Alberto Alerigi Jr.)