XANGAI/PEQUIM (Reuters) - A mídia estatal chinesa celebrou o encontro entre o presidente norte-americano, Donald Trump, e seu colega chinês, Xi Jinping, como uma que mostra ao mundo que um confronto entre as duas potências não é inevitável.
O jornal oficial China Daily afirmou ser encorajador ver a reunião de dois dias que terminou na sexta-feira "indo tão bem quanto possível", após "sinais confusos" anteriores de Washington sobre como estava lidando com a relação EUA-China.
Trump fez uma campanha com estridente retórica anti-China e irritou Pequim antes de assumir o cargo, conversando com o presidente de Taiwan, a auto-governada ilha que Pequim reivindica como sua.
Mas os dois lados evitaram quaisquer gafes diplomáticas no resort Mar-a-Lago de Trump, na Flórida, que poderiam ter manchado o encontro aos olhos do protocolo chinês.
O China Daily afirmou que ambas as partes pareceram "igualmente entusiasmadas sobre a relação construtiva que eles prometeram cultivar".
"Isso pode soar surreal para aqueles preocupados com um cenário de conflito inevitável entre o que eles vêem como potências ascendentes e incumbentes", escreveu o jornal em seu editorial.
"Mas o fato de que Pequim e Washington têm lidado bem até agora em prevenir conflitos mostra que o confronto não é inevitável."
O tablóide chinês estatal Global Times afirmou que o encontro "serve como um indicador de que a relação China-EUA ainda está bastante em curso desde que a administração Trump assumiu o governo em janeiro", e que era provável que as duas nações desenvolveriam uma "relação mais pragmática".
"Parece que ambos os países entenderam a importância do quão essencial uma transição suave precisa ser, e não só para os dois países aqui envolvidos, mas de fato para o mundo inteiro", disse.
Os comentários ecoaram na primeira página na edição internacional do People's Daily, jornal oficial do Partido Comunista, que afirmou que a reunião estabeleceu o tom para o desenvolvimento das relações entre EUA e China.
Não houve, no entanto, menção nos comentários sobre o ataque de mísseis dos Estados Unidos em uma base aérea do governo sírio, que ofuscou a reunião.
Wang Dong, professor associado de Estudos Internacionais na Universidade de Pequim, disse que o movimento pode ter tido o bônus adicional aos olhos de Trump de enviar uma mensagem à Coreia do Norte sobre seu programa nuclear, mas que a China provavelmente não seria perturbada.
"Há grandes diferenças entre a situação da Síria e a situação da península coreana", disse Wang, observando a capacidade militar convencional da Coréia do Norte para atacar a Coréia do Sul no caso de uma ação militar dos EUA.
"Qualquer uso de força ou ataques preventivos contra a Coréia do Norte terão grandes ramificações, o que provavelmente levaria a um resultado drasticamente diferente em relação à Síria", disse Wang.
(Por Brenda Goh e Michael Martina)