Por Noah Browning
DUBAI (Reuters) - As maiores potências do mundo árabe cortaram laços com o Catar nesta segunda-feira devido a seu suposto apoio a militantes islâmicos e ao Irã, reabrindo uma ferida antiga duas semanas depois de o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, exigir que os Estados muçulmanos combatam o terrorismo.
Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos e Barein cortaram relações com o Catar de maneira coordenada, acompanhados mais tarde por Iêmen, pelo governo da Líbia sediado no leste do país e as Ilhas Maldivas.
As conexões de transportes foram interrompidas, desencadeando uma escassez de suprimentos. O Catar, uma pequena nação peninsular de 2,5 milhões de habitantes, criticou a ação, que disse se basear em mentiras sobre seu apoio a militantes. O país vem sendo acusado com frequência de ser uma fonte de financiamento de islamitas, assim como a Arábia Saudita.
O Irã – há tempos em atrito com os sauditas e alvo indireto da medida – culpou a viagem recente de Trump a Riad e pediu que as partes superem suas diferenças.
"O que está acontecendo é o resultado preliminar da dança das espadas", tuitou Hamid Aboutalebi, vice-chefe de gabinete do presidente iraniano, Hassan Rouhani, em referência à ocasião em que Trump participou com o rei saudita de uma dança tradicional do país.
Ao suspender todas as conexões de transportes com o Catar, os três Estados do Golfo deram a visitantes e moradores cataris duas semanas para partirem, e Arábia Saudita, Barein e Egito proibiram que aviões cataris sobrevoem seus espaços aéreos e pousem em seus territórios.
Os Emirados Árabes Unidos e a Arábia Saudita suspenderam as exportações de açúcar ao Catar, um aborrecimento em potencial para os consumidores durante o mês muçulmano sagrado do Ramadã, quando a demanda é grande. Alguns cataris começaram a estocar alimentos e suprimentos, disse um expatriado.
As dificuldades com os estoques vieram em seguida. Duas fontes comerciais do Oriente Médio falaram em milhares de caminhões de alimentos parados na fronteira saudita, impedidos de fazer a única travessia por terra para o Catar.
Cerca de 80 por cento do suprimento de comida catari vem de seus vizinhos do Golfo. Fontes comerciais mencionaram a probabilidade de carências crescentes no país até a crise acabar.
Mas Egito, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita podem estar sujeitos à retaliação, já que dependem muito do gás natural liquefeito do Catar. Os EUA pediram uma solução rápida para a disputa, dizendo que suas parcerias com nações do Golfo Pérsico são vitais.
A desavença diplomática ameaça o prestígio internacional do Catar, que abriga uma grande base militar norte-americana e deve sediar a Copa do Mundo de 2022.
A Fifa informou nesta segunda-feira que está em "contato frequente" com o comitê organizador da Copa, embora não tenha comentado diretamente a situação diplomática do país.