Por Arno Schuetze e Nathan Layne
FRANKFURT/WASHINGTON (Reuters) - Um investigador federal dos Estados Unidos que apura a suposta interferência russa na eleição presidencial norte-americana de 2016 pediu ao Deutsche Bank dados de contas mantidas pelo presidente Donald Trump e sua família, disse uma pessoa familiarizada com a questão nesta terça-feira, mas advogado de Trump negou que qualquer intimação desse tipo tenha sido emitida.
O maior banco da Alemanha recebeu uma intimação do assessor especial Robert Mueller algumas semanas atrás, para providenciar informações sobre algumas transações de crédito e de dinheiro, disse a pessoa, sem dar detalhes, acrescentando que documentos-chave foram entregues durante o período.
O Deutsche Bank emprestou centenas de milhares de dólares à Organização Trump para empreendimentos imobiliários e é um dos poucos grandes credores que deram grandes quantias de crédito à Trump na última década. Uma série de falências em seus negócios de hotéis e cassinos na década de 1990 fizeram com que grande parte de Wall Street se preocupasse em lhe aumentar o crédito.
Mueller está investigando supostas tentativas da Rússia de influenciar as eleições e potenciais conluios por parte de assessores de Trump. A Rússia negou a conclusão de agências de inteligência dos Estados Unidos de que interferiu na campanha e Trump afirmou não haver conluio com Moscou.
Jay Sekulow, um dos advogados pessoais de Trump afirmou nesta terça-feira que o Deutsche Bank não recebeu nenhuma intimação relativa a registros financeiros ligados ao presidente ou sua família como parte da investigação de Mueller.
"Nós confirmamos que notícias informando que o Conselho Especial apresentou intimação relativa a registros financeiros ligados ao presidente são falsas”, disse Sekulow à Reuters em um comunicado. "Não foi emitida ou recebida nenhuma intimação. Nós confirmamos isso com o banco e outras fontes."
O advogado disse depois que o banco em questão é o Deutsche Bank. Um porta-voz de Mueller não quis comentar.
Um porta-voz do Deutsche Bank em Nova York não fez nenhum comentário de imediato além do comunicado divulgado mais cedo na terça-feira, no qual afirmou que o banco considera "seriamente suas obrigações legais e continua empenhado em cooperar com investigações autorizadas nesta matéria".
Uma autoridade norte-americana com conhecimento sobre a investigação de Mueller afirmou que uma razão para intimação é descobrir se o Deutsche Bank pode ter vendido parte da hipoteca de Trump ou outros empréstimos ao banco de desenvolvimento estatal russo VEB ou outros bancos russos que agora estão sob sanção dos EUA e da União Europeia.
O VEB, assim como o Banco Agrícola Russo e o Gazprombank não responderam de imediato pedidos por comentários.
Manter tal dívida, particularmente se parte estaria para expirar, poderia potencialmente dar aos bancos russos alguma influência sobre Trump, especialmente se forem propriedade do Estado, disse uma segunda autoridade norte-americana familiarizada com os métodos da inteligência russa.
"Uma questão óbvia é por que Trump e aqueles ao seu redor expressaram interesse em melhorar as relações com a Rússia como prioridade máxima da política externa e se considerações pessoais fizeram ou não parte disso", disse a segunda autoridade, falando sob condição de anonimato.
Fonte próxima ao Deutsche Bank afirmou que o banco havia checado negociações financeiras de Trump com a Rússia.
Durante a campanha eleitoral, Trump afirmou que buscaria melhorar laços com o presidente russo, Vladimir Putin, que foram tensionados durante a administração de Barack Obama.
LINHA VERMELHA
Em entrevista no dia 9 de julho ao jornal The New York Times, Trump afirmou que Mueller não deveria estender sua investigação às suas finanças se elas não estavam relacionadas às acusações sobre a Rússia.
Perguntado se investigar as finanças suas e de sua família não relacionadas à investigação russa cruzaria uma linha vermelha, Trump respondeu "Eu diria sim. Eu diria que sim."
O presidente se recusou a dizer o que faria caso Mueller começasse tal investigação, mas continuou dizendo "Eu acho que é uma violação. Veja, isso é sobre a Rússia."
Mais cedo ainda este ano, o Deutsche Bank rejeitou esforços de parlamentares democratas norte-americanos de obter mais informações sobre seus negócios com Trump, bem como quaisquer outras informações que podiam ter sobre se o republicano, seus familiares ou assistentes obtiveram apoio financeiro da Rússia.