(Reuters) - O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), admitiu publicamente nesta quarta-feira, em conversa com internautas numa rede social, que deseja ser candidato a presidente da República no próximo ano e disse estar "preparado" para o encargo, num momento em que vê seu pupilo e colega de partido, o prefeito paulistano João Doria, se movimentar cada vez mais como presidenciável.
"Se você me perguntar se eu quero ser, vou dizer para você olhando aqui nos seus olhos que sim e estou preparado para ser candidato", disse Alckmin, ao responder por uma hora a perguntas de pessoas em sua conta do Twitter.
Alckmin afirmou, entretanto, que a decisão de ser candidato não é pessoal e sim coletiva, e que o "bom caminho" deve passar por discutir com o partido, a sociedade e a formação das alianças. Segundo ele, a decisão "coletiva" será tomada no final deste ano.
"Não vai ser fácil o futuro, mas o Brasil tem tudo para se recuperar", destacou, ao defender, por exemplo, uma boa política fiscal que deixe espaço para a realização de investimentos públicos e taxas de juros e de câmbio que permitam ao país entrar no jogo do século 21.
Em sua primeira resposta do bate-papo --sobre o que faria se for presidente--, o governador de São Paulo adotou o discurso de candidato e disse que a prioridade deve ser a geração de emprego e renda, dando total apoio para a agricultura, o setor de serviços e a indústria.
Ele também listou a necessidade de mais investimentos públicos, inclusive na área de infraestrutura, e a melhoria da saúde e da educação.
Alckmin já disputou o Palácio do Planalto em 2006, quando foi derrotado no segundo turno por Luiz Inácio Lula da Silva, que se reelegeu. Agora tem buscado consolidar uma candidatura pelo partido, mesmo diante da movimentação de Doria --de quem foi o principal padrinho na disputa à prefeitura paulistana-- para se viabilizar também como um nome para a Presidência.
O governador também defendeu a aprovação da polêmica reforma da Previdência e a adoção de um regime geral de concessão de benefícios iguais para servidores públicos e trabalhadores da iniciativa privada. Ele ressaltou já ter feito uma reforma nesses moldes na gestão paulista em 2011. "A reforma tem dois objetivos, justiça social e acabar com o déficit", frisou.
Alckmin minimizou o racha que tem havido na cúpula do PSDB, em que o presidente interino da legenda, senador Tasso Jereissati (CE), tem defendido o rompimento com o governo do presidente Michel Temer.
Para o governador paulista, é natural que um partido grande como o PSDB tenha "pontos de partida diferentes". Ele disse que é "bom" e "salutar" esse debate, porque ninguém é dono da verdade, mas ressaltou que o importante é que depois todos estejam "juntos".
O governador tem dado apoio a atuação de Tasso, que, recentemente, foi o responsável pela gravação de um programa partidário do partido no qual a legenda admite que cometeu "erros" --essa peça foi alvo de críticas principalmente da ala tucana alinhada com o governo Michel Temer.
O tucano defendeu ainda o parlamentarismo, que está no programa do próprio partido e que seria melhor para a saída de crises políticas. Contudo, ele ressalvou que é preciso se fazer uma reforma política antes de se discutir a mudança de regime de governo.
(Por Ricardo Brito, em Brasília)