Por Ricardo Brito
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente eleito do PSDB, o governador paulista Geraldo Alckmin, afirmou neste sábado que é “pessoalmente” a favor do partido fechar de questão em favor da reforma da Previdência, mas disse que vai ouvir a bancada tucana na próxima semana para tomar uma decisão sobre o assunto.
“Eu pessoalmente sou a favor da reforma, já a fiz em São Paulo em 2011”, disse Alckmin, na primeira entrevista coletiva após assumir o comando do partido.
Em seu discurso após ter sido eleito presidente do PSDB, o governador havia falado como presidenciável e destacou que o partido tem compromisso com as reformas para fazer o Brasil crescer. E mencionou a mudança nas regras previdenciárias. "A reforma da Previdência é necessária para não termos brasileiros de duas classes", afirmou, sem se alongar no assunto.
Outras lideranças do PSDB também defenderam neste sábado, durante convenção do partido, o apoio da legenda à reforma da Previdência do governo do presidente Michel Temer. Contudo, em sua maioria, não querem fechar questão em favor do texto.
Aliados do governo e auxiliares de Temer insinuam que os tucanos podem ser os responsáveis pela não aprovação da reforma, depois que o partido praticamente deixou a base do governo.
Nos bastidores, governistas têm dito que um eventual não apoio dos tucanos à reforma poderá impedir que os partidos aliados a Temer apoiem a legenda na corrida ao Planalto.
O deputado Antonio Imbassahy (PSDB-BA), que deixou na véspera o comando da Secretaria de Governo, disse que o apoio do partido é determinante para o texto passar. "Eu espero que ela possa passar. Vai depender muito desta reta final, da próxima semana, e a posição do PSDB é determinante, porque o PSDB, se manter a sua linha programática, pode apoiar maciçamente", disse.
O ex-presidente licenciado do PSDB, senador Aécio Neves (MG), disse que a falta de apoio dos tucanos à reforma poderá ter repercussão para a legenda. Ele disse que a reforma é o primeiro compromisso programático do partido.
"Pior do que ver a reforma da Previdência aprovada é vê-la não aprovada pela ausência dos votos do PSDB", disse o tucano, que, mesmo afastado do comando da legenda desde maio, após se envolver na delação da JBS (SA:JBSS3), foi ovacionado em sua chegada à convenção.
O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), que ocupou até recentemente o comando interino da legenda, rebateu a alegação de que o PSDB possa ser culpado pela não aprovação da reforma. Segundo ele, não depende do partido a aprovação da reforma, embora tenha defendido a matéria. "Vamos entrar em campo na base do convencimento dos deputados", disse.
Um dos tucanos mais próximos a Temer, ex-senador José Aníbal defendeu que o partido feche questão em favor da proposta. Ele disse que, embora o partido já tenha saído do governo, ele tem um compromisso "imperativo" com a agenda de reformas. "Não está descartado o fechamento de questão", disse ele, à Reuters.
O senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES) disse que, com ou sem fechamento de questão, espera que haja "bom senso" dos parlamentares da legenda para apoiar a reforma a fim de manter a trajetória de melhoria da economia, com queda da taxa de juros e da inflação. "Não há uma reforma bala de prata, que resolva tudo de uma vez. A partir de agora, outros ajustes serão necessários fazer de tempos em tempos", avaliou.