Por Mark Trevelyan
LONDRES (Reuters) - O Reino Unido não irá se apressar para iniciar os procedimentos de separação da União Europeia, disse um dos principais aliados da nova primeira-ministra britânica, Theresa May, nesta terça-feira, dia em que David Cameron se despediu em sua última reunião de gabinete.
May, de 59 anos, irá assumir na quarta-feira o lugar de Cameron, que anunciou sua renúncia depois que os britânicos rejeitaram seu conselho e votaram em um referendo no mês passado pela desfiliação do país da UE, mergulhando o Reino Unido em incertezas políticas e econômicas.
Ao chegar à breve reunião ministerial, May acenou aos repórteres da entrada da residência oficial do premiê, o número 10 de Downing Street, que em breve será sua moradia. Ela irá enfrentar a tarefa gigantesca de desembaraçar o Reino Unido de um verdadeiro emaranhado de leis da UE, acumuladas ao longo de mais de quatro décadas, e negociar novos termos comerciais, ao mesmo tempo limitando os danos em potencial à economia.
Seu aliado Chris Grayling, líder da Câmara dos Comuns, disse não haver pressa para invocar o Artigo 50 do Tratado de Lisboa da UE, que irá iniciar formalmente o processo de separação de dois anos de duração para a desfiliação britânica de fato do bloco.
"Acho que o Artigo 50 deveria ser acionado quando estivermos prontos. A coisa mais importante agora é que façamos o que é do interesse nacional", disse Grayling ao canal de televisão Sky News.
"Vamos nos preparar para a negociação, decidir que tipo de relacionamento queremos negociar e depois vamos adiante e acionamos o Artigo 50. Vamos fazê-lo direito, fazê-lo de uma maneira apropriada, fazê-lo quando estivermos prontos", acrescentou.
Seus comentários podem arrefecer as esperanças dos parceiros britânicos na UE de que a ascensão surpreendentemente rápida de May possa acelerar o processo de rompimento e solucionar a incerteza que paira sobre o bloco de 28 nações.
Sua última adversária na disputa pela liderança, Andrea Leadsom, desistiu da corrida interna do Partido Conservador na segunda-feira, acabando com a necessidade de uma campanha de nove semanas para se decidir quem ocuparia a chefia da legenda governista e se tornaria premiê.
Além da tarefa de efetivar a desfiliação, May precisa tentar unir um partido dividido e uma nação na qual muitas pessoas, diante do fato consumado do referendo, se sentem revoltadas com a elite política e deixadas para trás pelas forças da globalização e das mudanças econômicas.
(Reportagem adicional de Michael Holden e Elizabeth Piper)