O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, esteve na manhã de hoje (12) no gabinete do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Durante o fim de semana, a Procuradoria-Geral da República (PGR) anunciou que vai abrir uma investigação para apurar o recente vazamento, para a imprensa, de informações sobre as delações de executivos da Odebrecht na Operação Lava Jato.
Desde sexta-feira (9), foram publicadas diversas reportagens com informações atribuídas ao depoimento do ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht Cláudio Melo Filho, que firmou acordo de delação premiada. Melo seria o responsável pelo relacionamento da empresa com o Congresso Nacional. De acordo com as reportagens, ele teria citado nomes de 51 políticos de 11 partidos que teriam recebido propina da empresa, entre eles o presidente Michel Temer.
As informações divulgadas pela imprensa repercutiram no governo durante o fim de semana. Após os vazamentos, Temer se reuniu com ministros em Brasília, no Palácio do Jaburu, no domingo. Em nota, na última sexta-feira, o Palácio Planalto repudiou as acusações de que o presidente Michel Temer teria solicitado valores ilícitos da empreiteira Odebrecht em meio à campanha à Presidência de 2014.
A reunião com Janot não constava na agenda oficial do ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, nem foi confirmada pela assessoria do ministério, que informou apenas a previsão de compromissos no Palácio do Planalto. O ministro saiu do encontro, que durou cerca de 30 minutos, sem falar com a imprensa.
A depender do prejuízo causado pelo vazamento às investigações, é possível que o Ministério Público Federal (MPF) invalide os depoimentos colhidos na delação premiada do ex-executivo da Odebrecht. Situação semelhante levou ao fim das negociações por uma delação premiada do presidente afastado da empreiteira OAS Leo Pinheiro.
Questionado por jornalistas, ao sair da reunião, Alexandre de Moraes não respondeu se o assunto foi tocado no encontro com Rodrigo Janot.
Segundo o procurador-geral da República, a delação de Melo Filho não foi discutida. Janot disse que na reunião tratou da formação de uma força-tarefa entre procuradores e policiais federais para atuar em uma investigação no Rio de Janeiro.