BRASÍLIA (Reuters) - O futuro ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, disse nesta quinta-feira que o equilíbrio das contas públicas é o maior desafio do próximo governo e a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, de manter os reajustes dos servidores a ser pago em 2019 torna a situação mais difícil.
“Vamos começar com um desequilíbrio maior por conta disso, mas faz parte do jogo. Vamos em frente”, disse Bebianno, em rápida entrevistas a jornalistas no Centro Cultural do Banco do Brasil (SA:BBAS3), onde está trabalhando a equipe de transição do governo, em Brasília.
Para Bebianno, não há como se manter uma política de aumento para servidores sem considerar a necessidade de equilibrar as contas e são necessárias “medidas antipáticas”.
"A principal tarefa, a mais difícil missão, é o equilíbrio das contas públicas. Não há como manter o Brasil nessa cultura de que aumentos são dados sem que se leve em consideração o equilíbrio das contas públicas, isso é muito ruim. Tenho certeza que ministro Lewandowski deve saber disso", afirmou.
Na quarta-feira, o ministro do STF suspendeu a eficácia de medida provisória que postergava para 2020 o aumento salarial previsto para servidores públicos em 2019 e que implicaria economia de 4,7 bilhões de reais para as contas públicas.
Bebianno salientou que na reunião ministerial de quarta-feira o presidente eleito Jair Bolsonaro afirmou que uma das prioridades do governo será o corte de gastos.
"Essa obviamente é uma das prioridades. Nós sabemos que a máquina estatal é muito inchada, com sobreposição de atividades, muitos processsos são realizado sem preocupação com resultado final", disse. "Mas ao mesmo tempo não se pode correr o risco de paralisar a máquina pública, então o objetivo de redução será oportunamente apreciado."
FICHA LIMPA
Bebianno foi questionado sobre a condenação do futuro ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, por improbidade administrativa. Apesar de reafirmar o que Bolsonaro tem dito, que não haverá lugar para pessoas com condenações no governo, o ministro diminuiu a importância do episódio e disse que não teve acesso ao caso.
"Nas diretrizes básicas do governo não haverá espaço para quem não for ficha limpa. Não acho que seja o caso do ministro Ricardo Salles. Isso vai ser apreciado oportunamente", afirmou.
Salles foi condenado em primeira instância em ação que é acusado pelo Ministério Público de São Paulo de fraudar o processo do Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Várzea do Rio Tietê, em 2016, quando era secretário do Meio Ambiente no governo de Geraldo Alckmin (PSDB), para beneficiar empresas ligadas à Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
(Reportagem de Lisandra Paraguassu)