Por Isla Binnie
ROMA (Reuters) - A eleição de março na Itália será uma batalha entre a centro-direita e o antissistema Movimento 5-Estrelas, uma vez que o partido governista de centro-esquerda está atrás nas pesquisas, disse o líder de centro-direita e ex-premiê italiano Silvio Berlusconi nesta sexta-feira.
Pesquisas indicam que ninguém irá obter uma vitória clara, mas uma aliança em torno da Força Itália, de Berlusconi, parece a caminho de conquistar a maioria dos assentos no Parlamento.
Na quinta-feira, o governo do premiê italiano, Paolo Gentiloni, agendou para 4 de março uma eleição que deve resultar em um Parlamento sem maioria, instabilidade e uma possível turbulência no mercado da terceira maior economia da zona do euro.
Partidos de todo espectro político estão prometendo aos eleitores que mudarão ou irão abolir as regras orçamentárias da União Europeia, cortarão impostos e gastarão mais para fortalecer a economia, que está recuperando o ritmo aos poucos.
A imigração também deve ser um tema central da votação, e siglas de direita alertam para uma "invasão". A centro-direita ainda quer uma moeda paralela, e o 5-Estrelas diz que convocará um referendo sobre a manutenção do euro se parceiros da UE se recusarem a fazer concessões no Pacto Fiscal Europeu.
O Partido Democrático (PD), de Gentiloni, está no poder desde 2013, mas perdeu apoio nas pesquisas de intenção de voto. O 5-Estrelas deve ser o partido com melhor desempenho individual, e o PD deve ficar em terceiro na votação.
"O desafio está entre moderados como nós... e movimentos de justiceiros rebeldes que perpetuam a pobreza, como os seguidores de (Beppe) Grillo", disse Berlusconi em uma entrevista ao jornal Corriere della Sera em referência ao comediante que fundou o 5-Estrelas.
O principal parceiro da coalizão de Berlusconi é a Liga Norte, sigla de extrema-direita que é aliada da francesa Marine Le Pen no Parlamento Europeu e está pouco atrás da Força Itália nas pesquisas.
A Força Itália aparece com cerca de 16 por cento das preferências, e a Liga Norte com 13 por cento.
Cinco anos depois de a crise da dívida europeia derrubar seu quarto governo, o ex-premiê e magnata da mídia Berlusconi, de 81 anos, retornou inesperadamente ao cenário político no ano passado, embora não possa voltar a ser primeiro-ministro devido a uma condenação por sonegação fiscal.
Nesta semana ele se chocou com o líder do 5-Estrelas, Luigi Di Maio, de 31 anos, cujo partido se estabilizou nas sondagens com cerca de 28 por cento das intenções de voto, quanto às respectivas propostas para programas de apoio à renda do contingente cada vez maior de pobres do país.