RIO DE JANEIRO (Reuters) - O PMDB não está deixando o governo e não há iminência disso, disse nessa sexta-feira o ministro da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, após o estremecimento recente da relação entre o Planalto e peemedebistas, justamente num momento em que a presidente Dilma Rousseff enfrenta a possibilidade da abertura de um processo de impeachment.
"O PMDB não está saindo do governo, ao contrário, os ministros (do PMDB) estão todos integrados no esforço de retomar o crescimento econômico e estabilizar politicamente o país", disse Berzoini a repórteres após participar de entrega de prêmio na Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), no Rio de Janeiro.
A relação entre o Palácio do Planalto e o PMDB sempre esteve longe de ser tranquila, mas nesta semana ganhou contornos críticos quando o vice-presidente Michel Temer, que também preside o PMDB, enviou carta à Dilma reclamando do que acredita ser desconfiança dela e do governo em relação a ele e ao partido.
Além disso, também nesta semana, parte da bancada do PMDB na Câmara se aliou à oposição e conseguiu eleger, em disputa agora contestada na Justiça e suspensa pelo Supremo Tribunal Federal (STF), uma chapa alternativa para a comissão especial que analisará a abertura do processo de impeachment na Casa.
Este episódio acabou culminando com a destituição do deputado Leonardo Picciani (PMDB-RJ), um aliado do Planalto, da liderança do partido, e sua substituição por Leonardo Quintão (PMDB-MG), apoiado pelos dissidentes.
Por fim, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que está rompido com o governo e aceitou pedido de abertura de processo de impeachment contra Dilma, disse haver um movimento de diretórios estaduais do PMDB para antecipar a convenção do partido, prevista inicialmente para março, justamente para discutir a saída da sigla do governo.
"Política é sempre uma ciência para a gente trabalhar com muita paciência. Sempre dialogando e levando em consideração que os partidos são muitos e com opiniões diferentes", disse Berzoini.
Também presente no evento, o ministro da Ciência e Tecnologia, Celso Pansera, que é do PMDB e teve sua nomeação influenciada por Picciani, disse que nas conversas que vem tendo com integrantes do partido não viu disposição de deixar o governo e afirmou que a maioria dos deputados peemedebistas é contra o impedimento de Dilma.
"Dentro do partido não vi nada disso e ninguém tratou desse assunto (saída do governo)", disse Pansera. "Com certeza a maioria dos deputados do nosso partido está contra o impeachment", disse, acrescentando que Quintão se encontrará com Dilma na semana que vem.
ATÉ JANEIRO
O governo trabalha para que a questão do impeachment tenha um trâmite rápido, pois avalia que assim Dilma terá mais chance de escapar do impedimento, e tem argumentado que a economia e o país sofrem com as incertezas geradas por esse processo. Berzoini disse que o Palácio do Planalto gostaria que o assunto esteja superado até janeiro de 2016.
"Não é bom para o país espera demasiada para a definição... o rito democrático tem que ser preservado e esperamos que o STF tome medidas necessária para garantir o cumprimento da lei e da Constituição", disse ele.
Na próxima quarta-feira, o STF deve se pronunciar sobre o rito do processo de impedimento da presidente após questionamentos feitos à Corte pelo PCdoB, partido da base do governo, à lei de 1950 que trata do processo de impeachment.
"Não há razão para o Supremo não tomar uma decisão na quarta-feira e no mês de janeiro, após Natal e Ano Novo, se processar o debate e a decisão sobre a matéria", disse Berzoini.
(Reportagem de Rodrigo Viga Gaier) 2015-12-11T160324Z_1006930001_LYNXMPEBBA139_RTROPTP_1_MANCHETES-POLITICA-BERZOINI-PMDB.JPG