Por Maria Carolina Marcello
BRASÍLIA (Reuters) - O governo mantém a ideia de que conseguirá aprovar no Congresso Nacional a reforma da Previdência da maneira como foi encaminhada ao Legislativo, afirmou nesta quinta-feira o secretário especial adjunto de Previdência e Trabalho, Bruno Bianco.
Segundo ele, o governo está tão convicto que não trabalha com uma ideia de compensação a eventuais mudanças na proposta da Previdência. Ressalta, no entanto, que o Executivo está aberto ao diálogo e que o Parlamento é “soberano”.
“O governo continua com a mesma ideia de manter tudo o que propôs”, disse o secretário a jornalistas após audiência pública na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, que analisa a admissibilidade da reforma.
Para Bianco, a “densa” argumentação do governo e a certeza da constitucionalidade da proposta aumentam as chances de manutenção “do máximo possível” no texto.
O secretário disse ainda que o governo não abre mão das mudanças propostas nos benefícios assistenciais e nas regras de aposentadoria rural, os dois pontos que mais provocaram resistência de parlamentares, mesmo entre aqueles que se dizem favoráveis à reforma.
Questionado sobre eventuais compensações a serem utilizadas para que o governo obtenha o espaço fiscal desejado, Bianco respondeu que “não tem estratégia porque a ideia do governo é que isso (o texto original) se mantenha”.
“Mas uma coisa muito clara é o seguinte: a proposta é algo de que o Brasil necessita. E se você tirar de um lado, obviamente o outro fica descoberto. Então, a nossa proposta é muito simples: manter tudo. E caso algo seja retirado, nós vamos discutir com a sociedade dentro do Parlamento”, afirmou, acrescentando que algumas políticas públicas podem ser prejudicadas caso o Congresso modifique a proposta.
O secretário mostrou-se otimista com a provação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) e minimizou a reação do mercado financeiro à participação do ministro da Economia, Paulo Guedes, em audiência pública na mesma comissão, na véspera.
“Acho que as coisas são assim, são cíclicas”, comentou. “Acho que o momento bom está chegando.”
Na quarta-feira, o dólar e os juros futuros subiram, enquanto o Ibovespa caiu quase 1 por cento, em meio ao clima tenso entre Guedes e parlamentares da oposição na CCJ.