Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro chegou neste domingo a Washington para uma visita oficial de três dias e comemorou, em sua conta no Twitter, a proximidade com o governo do presidente norte-americano, Donald Trump, enquanto um pequeno grupo realizou um protesto contra a visita em frente à Casa Branca.
"Pela primeira vez em muito tempo, um presidente brasileiro que não é antiamericano chega a Washington. É o começo de uma parceria pela liberdade e prosperidade, como os brasileiros sempre desejaram", escreveu pouco depois de pousar na capital norte-americana.
Em uma sequência, o presidente afirmou que uma parceria entre Brasil e Estados Unidos assusta os "defensores do atraso e da tirania ao redor do mundo". "Os quem tem medo de parcerias com um país livre e próspero? É o que viemos buscar!", escreveu.
Bolsonaro é o 16º presidente brasileiro a ser convidado para uma visita oficial aos Estados Unidos. Fernando Henrique Cardoso fez a última visita de Estado --que inclui conversas com os presidentes das Casas Legislativa e do Judiciário--, em 1995, mas voltou a Washington ainda em 2001, em seu segundo mandato.
Luiz Inácio Lula da Silva foi recebido três vezes como presidente e, ainda em 2002, como presidente eleito. Dilma Rousseff esteve na capital norte-americana em 2012 e 2015.
O avião presidencial pousou nos Estados Unidos às 15h40 (horário local), um pouco antes do previsto inicialmente, e Bolsonaro foi recebido pelo embaixador Sean Lawler, chefe do cerimonial do governo dos EUA. Da base aérea, o presidente foi direto para a Blair House, a casa de hóspedes do governo norte-americano, a poucos passos da Casa Branca.
Com o entorno da residência cercado por grades e seguranças, o presidente entrou direto, sem ver alguns curiosos que esperavam por perto e nem falar com a imprensa.
O presidente ainda comemorou pelo Twitter o fato de ter sido convidado a se hospedar na Blair House, um complexo de quatro imóveis e 110 aposentos em que a Casa Branca coloca mandatários quando quer atribuir um certo grau de importância à visita. FHC, Lula e Dilma também ficaram hospedados no local.
"Nos hospedaremos na Blair House. É uma honraria concedida a pouquíssimos chefes de Estado, além de não custar um centavo aos cofres públicos. Agradecemos ao governo americano a todo respeito e carinho que nos está sendo dado", escreveu o presidente.
O governo norte-americano tem um orçamento anual para manutenção da Blair House e de 18 funcionários permanentes do complexo. Já a restauração e decoração da casa histórica é financiada por um fundo não governamental criado em 1985.
PROTESTOS
Antes da chegada de Bolsonaro a Washington, um grupo de cerca de 50 pessoas, na sua maioria norte-americanos, organizou um protesto em frente à Casa Branca contra a visita.
Com cartazes e faixas com a foto de Bolsonaro e a frase “Ele Não”, os manifestantes fizeram um protesto pacífico, sem serem incomodados pelo Serviço Secreto norte-americano que faz a segurança do local.
“Um encontro entre Bolsonaro e Trump legitima o fascismo e essa nova ultradireita que está crescendo no mundo. Não podemos deixar isso passar em branco”, disse Michael Shallal, da organização DC United Against Hate, uma das organizadoras da manifestação.
A Blair House, onde Bolsonaro ficará hospedado, fica a poucos metros do local do protesto, mas o presidente ainda não havia chegado a Washington enquanto os ativistas gritavam palavras de ordem.
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente e que o acompanha na visita, ironizou a manifestação.
"Vi com muita felicidade... Eu estava até triste quando recebi a primeira notícia, de que não haveria protestos. Alguns protestos dão até chance de maior notoriedade à visita", afirmou, em entrevista à TV Record.