BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro disse nesta quinta-feira, em café da manhã com jornalistas, que tende a manter a liberação do despacho de bagagens sem cobrança no transporte aéreo doméstico, mas que deve decidir apenas no limite do prazo que tem para sancionar a medida, de acordo com relatos dos presentes.
Segundo jornalistas que participaram do encontro, Bolsonaro afirmou que seu "coração" está mais inclinado a manter a liberação. O presidente esclareceu entender que o mercado precisa se autorregulamentar e que ele e o governo são liberais, mas que não considera que essa questão seja vital, já que com a liberação das cobranças o preço das passagens não baixou.
O artigo foi incluído na medida provisória aprovada pelo Congresso esta semana que autoriza a participação de até 100 por cento do capital estrangeiro em companhias aéreas. No entanto, alguns parlamentares defendem que o presidente vete o artigo, argumentando que a proibição dificultará a entrada no país de empresas "low cost" que, para manter as passagens baratas, cobram por bagagem.
Bolsonaro comentou ainda a aprovação na noite de quarta-feira da MP da reforma administrativa pela Câmara dos Deputados e o fato do Congresso ter tirado o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) do Ministério da Justiça e Segurança Pública e enviado para o Ministério da Economia. Segundo jornalistas presentes, Bolsonaro disse que não vê problema e que o Coaf continua no governo.
PRIVATIZAÇÕES
O presidente confirmou ainda que deu sinal verde aos estudos para privatização dos Correios, algo que já havia anunciado no final de abril em sua conta no Twitter. Questionado sobre que estatais não aceitaria privatizar, Bolsonaro citou Banco do Brasil (SA:BBAS3) e Caixa Econômica Federal.
Sobre a proposta de reforma tributária que teve a admissibilidade aprovada na quarta-feira pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara (CCJ), Bolsonaro disse que o governo ainda irá avaliá-la.
Já o ministro da Casa Civil, Onyx Lorezoni, confirmou que o governo deve apresentar propostas para serem apensadas ao texto. Na véspera, o secretário da Receita Federal, Marcos Cintra, havia dito que o governo pode tentar incluir mudanças no Impostos de Renda e simplificações no PIS/Cofins.
Bolsonaro ainda minimizou a crise entre o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o líder do governo na Casa, major Vitor Hugo (PSL-GO). Esta semana Maia informou que estava rompendo relações com o líder, colocando ponto final em uma relação que já era praticamente inexistente.
Bolsonaro disse aos jornalistas que Vitor Hugo continua na liderança e acredita que o desentendimento vai passar.
Este foi o quinta café da manhã de Bolsonaro com um grupo de jornalistas convidados. Os presentes não podem gravar a conversa com o presidente.
(Reportagem de Lisandra Paraguassu)