SÃO PAULO (Reuters) - O Ministério das Relações Exteriores brasileiro afirmou nesta segunda-feira, por meio de nota, esperar que o governo de El Salvador reconsidere sua decisão de suspender contatos oficiais com o Brasil e considerou que a decisão do governo salvadorenho revela "profundo desconhecimento" sobre a legislação brasileira.
A reação ocorreu após o presidente de El Salvador, Salvador Sánchez Cerén, declarar no sábado que o país não reconhece a legitimidade do governo do presidente interino Michel Temer e chamar sua embaixadora de volta ao país.
"Causam especial estranheza tantos equívocos, uma vez que El Salvador mantém intensas relações econômicas com o Brasil e é o maior beneficiário de cooperação técnica brasileira em toda a América Central", disse em nota o Itamaraty, atualmente sob comando do senador José Serra (PSDB-SP).
Segundo a nota, a decisão do país mostra desconhecimento da Constituição e legislação do Brasil sobre impeachment e sobre o "pleno funcionamento das normas e instituições democráticas no país".
Após o afastamento da presidente Dilma Rousseff por até 180 dias devido à aprovação no Senado do andamento do processo de impeachment, diversos países latino-americanos, como Argentina, Chile e Bolívia, expressaram preocupações com a situação do Brasil.
Na sexta-feira, o Itamaraty já havia rebatido declarações do secretário-geral da Unasul, Ernesto Samper, que questionou o processo de impeachment de Dilma, classificando os argumentos de Samper como "errôneos" e "infundados".
(Por Natália Scalzaretto)