SÃO PAULO (Reuters) - O ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (PMDB) se tornou réu nesta sexta-feira, ao lado da ex-primeira-dama Adriana Ancelmo e outras cinco pessoas, em uma ação penal da operação Lava Jato que trata de supostas irregularidades nas obras do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj).
Cabral e a mulher responderão aos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, após o juiz federal Sérgio Moro, que concentra os processos da Lava Jato em primeira instância em Curitiba, aceitar a denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal.
De acordo com a denúncia da força-tarefa da Lava Jato, aceita nesta sexta por Moro, a empreiteira Andrade Gutierrez pagava propina a Cabral por todo grande projeto tocado pela empresa no Rio de Janeiro. No caso específico das obras do Comperj, ainda de acordo com o MPF, o valor inicial do contrato era de 819,8 milhões de reais, mas foi alvo de aditivos e acabou saindo por cerca de 1,18 bilhão de reais.
"Tal contrato foi obtido pela Andrade Gutierrez no âmbito dos ajustes fraudulentos de licitação realizados entre as empresas fornecedoras da Petrobras (SA:PETR4). As propinas teriam sido depois acertadas pelos dirigentes da Andrade Gutierrez com o então governador e seus associados", disse Moro em seu despacho ao relatar a denúncia da força-tarefa.
Cabral foi preso em novembro no âmbito da operação Calicute, um desdobramento da Lava Jato, e foi posteriormente transferido do Rio de Janeiro para Curitiba. A ex-primeira-dama do Estado também foi presa na Calicute.
Os dois já são réus em ação penal ligada à Calicute após denúncia contra ambos e mais um grupo ligado ao ex-governador ser aceita pela Justiça no início deste mês.
(Por Eduardo Simões)