BRASÍLIA (Reuters) - O senador Ronaldo Caiado (DEM-GO), líder do partido no Senado e um dos principais defensores do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, afirmou nesta quarta-feira que vai recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra a decisão do Senado de manter os direitos políticos da petista, apesar de ter cassado o seu mandato.
Por aceitação do presidente da sessão de julgamento, o ministro Ricardo Lewandowski do Supremo Tribunal Federal, o julgamento do impeachment de Dilma foi dividido em duas votações: uma sobre a cassação do mandato e outra sobre a habilitação política.
"Eu, com a prerrogativa de senador da República, recorrerei ao Supremo Tribunal Federal", disse Caiado a repórteres. "A Constituição não dá essa margem de interpretação ao Senado Federal. O Senado Federal não pode fatiar aquilo que a Constituição determina. A inabilitação não é pena acessória, é pena conjunta."
Na votação sobre a perda dos direitos políticos de Dilma por oito anos, 42 senadores votaram pela imposição desta pena à petista, enquanto 36 decidiram de forma contrária. Eram necessários 54 votos para a inabilitação de Dilma. A ex-presidente teve seu mandato cassado por 61 votos a 20.
ACORDÃO
Caiado acusou o PMDB e o PT de terem feito um acordão para salvar Dilma na inabilitação política por 8 anos. "Ficou claro que esta segunda votação um grande acordão do PT e o PMDB. Esta manobra representa o que existe de mais espúrio e negativo na política. Tenho certeza de que, como se diz no interior, a sociedade está neste momento com a 'pulga atrás da orelha'", disse o senador.
(Reportagem de Lisandra Paraguassu, Marcela Ayres e Maria Carolina Marcello)