Por Giulia Paravicini e Fiston Mahamba
KINSHASA (Reuters) - O candidato de oposição Martin Fayulu é o franco favorito para vencer a muito adiada eleição presidencial de domingo na República Democrática do Congo, indicou pesquisa nesta sexta-feira, embora o desfecho continue incerto depois que a votação foi cancelada em diversos redutos da oposição.
Tumultos irromperam em Beni, no leste do país, na quinta-feira depois que a decisão de cancelar a votação na cidade e em outras áreas foi vista como uma manobra para suprimir o apoio à oposição, ao invés de uma precaução devido a um surto de Ebola e à violência de milícias.
A eleição de domingo tem como objetivo concretizar a primeira transição de poder democrática do país centro-africano, mas a oposição tem questionado reiteradamente se os resultados da votação refletirão o sentimento do eleitorado devido a temores generalizados de fraude.
A pesquisa mais recente, realizada por um grupo de pesquisa filiado à Universidade de Nova York, mostrou Fayulu saltando da terceira posição que ocupava em outubro à liderança, com 44 por cento de apoio. Ele está a frente do antigo favorito, o líder opositor Felix Tshisekedi, com 23 por cento, e do candidato do partido governista, Emmanuel Ramazani Shadary, que aparece com 18 por cento.
"As pesquisas revelam um eleitorado ansioso por mudança. Uma grande maioria apoia a oposição", disse em comunicado o Grupo de Pesquisa do Congo (CRG), que encomendou o levantamento.
"Fayulu... é o franco favorito para vencer as eleições se elas forem livres e justas", disse o CRG.
Ex-diretor da Exxon Mobil (NYSE:XOM), Fayulu era pouco conhecido quando foi escolhido como candidato conjunto de uma coalizão opositora em novembro, mas uma campanha abrangente --que incluiu Beni, atingida pelo Ebola-- tem destacado seu perfil.
Nesta semana, sua coalizão se opôs à decisão da comissão eleitoral (Ceni) de cancelar a votação em Beni, Butembo e nas áreas vizinhas, assim como em Yumbi, cidade do oeste do país.
Autoridades locais disseram que a exclusão das cidades tem como objetivo aumentar as chances de Shadary, ex-ministro do Interior que o presidente Joseph Kabila escolheu como seu sucessor.
A frustração cresceu em todo o país devido aos sucessivos adiamentos na marcação da eleição após o fim do mandato de Kabila, no final de 2016. Uma decisão de última hora de adiar o pleito em uma semana para 30 de dezembro elevou ainda mais a tensão.