BRASÍLIA (Reuters) - O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), deu início à ordem do dia no Plenário da Câmara dos Deputados no início da tarde desta quarta-feira, impedindo a realização de sessão do Congresso Nacional marcada para o mesmo local com o objetivo de analisar vetos da presidente Dilma Rousseff.
A decisão de Cunha barrou a tentativa do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), de realizar nesta quarta uma sessão conjunta das duas Casas para analisar vetos cruciais para o governo em seu processo de ajuste das contas públicas, como o que barra o reajuste de até 78,6 por cento aos servidores do Judiciário.
Cunha disse que a decisão de obstruir a sessão do Congresso foi tomada acatando decisão de líderes de bancadas na Câmara, que defendiam a inclusão de um veto da presidente ao financiamento empresarial de campanhas na análise desta quarta, o que não ocorreu.
"Na Câmara ontem queriam de qualquer maneira ter a possibilidade de apreciar os vetos, não só o veto do financiamento, o do voto impresso também. Todos os vetos que vieram com relação eleitoral, eles queriam ter a oportunidade de apreciar antes do prazo de um ano antes das eleições. Como não houve acordo para isso, provavelmente os líderes decidiram obstruir, então o combinado com os líderes é que a gente faria a sessão (da Câmara) normalmente hoje para que não tivesse Congresso", disse Cunha a repórteres antes do início da sessão da Câmara.
O presidente do Senado, que também é presidente do Congresso Nacional, ainda não se pronunciou nesta quarta sobre a sessão convocada para a análise dos vetos, que estava prevista para começar às 11h30.
Além do veto que barrou o reajuste para servidores do Judiciários, os parlamentares também precisam analisar a decisão da presidente que impede a extensão da regra de reajuste do salário mínimo a todos os aposentados.
Na semana passada, a votação de outros vetos polêmicos, com potencial impacto às contas, causou tensão e teve reflexos no mercado financeiro, incluindo uma disparada do dólar, que ultrapassou os 4 reais. Somente o veto do reajuste dos servidores da Justiça pode gerar, se derrubado, impacto de 36 bilhões de reais até 2019.
(Por Pedro Fonseca, no Rio de Janeiro)