Por Mateus Maia
BRASÍLIA (Reuters) - O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta quarta-feira que o governo começará "daqui a pouco" a privatizar peixes grandes, ressaltando que os recursos levantados serão utilizados para o abatimento da dívida pública, diminuindo assim a pesada conta de juros.
"Tínhamos botado uma meta de 20 bilhoes de dólares de privatizações este ano -- queríamos aí 80 bilhões de reais, quase 100 bilhões de reais -- e já privatizamos 11 bilhões (de dólares), mais da metade em menos da metade do tempo", afirmou ele, em evento em Brasília.
"Por enquanto não tem peixe grande, só coisinha pequena aqui, concessões ali. Daqui a pouco vão entrar os grandes, nós vamos começar os grandes também. Está tudo sendo preparado", completou o ministro, sem citar empresas.
Guedes ressaltou que os gastos com pagamento de juros da dívida alcançarão 360 bilhões de reais este ano, ficando apenas atrás dos 750 bilhões de reais em despesas previdenciárias nas rubricas com maior peso orçamentário. Com a venda de estatais, será possível imprimir outra dinâmica a essas obrigações.
"Com as privatizações, vamos travar essa despesa (com juros da dívida), que para o Brasil é uma vergonha", afirmou ele.
PREVIDÊNCIA
Guedes voltou a ressaltar a importância da reforma da Previdência, considerada crucial para o reequilíbrio das contas públicas, defendendo que, sem ela, "não há futuro visível".
Apesar de o governo do presidente Jair Bolsonaro não contar com base aliada constituída no Congresso, Guedes afirmou que não pode concordar com nenhuma leitura pessimista do momento brasileiro, expressando confiança na aprovação da reforma previdenciária e fazendo elogios ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), por seu papel de protagonismo nesse processo.
"Como é que eu vou dizer que a classe política não está fazendo a parte dela? Vai fazer a parte dela, eu estou seguro que vai fazer a parte dela. E acho que vai ser uma reforma de 1 trilhão (de reais de economia em dez anos", disse.
Segundo Guedes, é obrigação do governo dizer que é preciso "reformar para garantir".
No mesmo evento, o secretário especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, afirmou que hoje pouco mais de 250, 270 parlamentares já falaram favoravelmente à reforma.
Para aprová-la, o governo precisa do apoio de 308 parlamentares em votação em dois turnos na Câmara dos Deputados. Depois, a matéria segue para o Senado, onde também precisa ser chancelada por três quintos dos senadores.
(Com reportagem adicional de Marcela Ayres)