BRASÍLIA (Reuters) - A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva entrou nesta segunda-feira com um pedido de suspensão dos prazos do processo em que Lula é investigado na compra de um tríplex no Guarujá, o que poderia levar ao adiamento do depoimento do ex-presidente ao juiz Sérgio Moro, marcado para quarta-feira.
No pedido, feito ao Tribunal Regional Federal da 4ª região, a defesa de Lula alega que precisa de tempo para analisar documentos entregues pela Petrobras (SA:PETR4) à Justiça na semana passada e que somariam mais de 100 mil paginas e 5 gigabytes.
Em nota, os advogados alegam que é "materialmente impossível a defesa analisar toda essa documentação até o próximo dia 10, quando haverá o interrogatório do ex-presidente e será aberto o prazo para requerimento de novas provas".
Os advogados alegam ainda que a acusação já conhece o conteúdo dos documentos e, com isso, não há "paridade de armas".
O mesmo pedido já havia sido feito a Moro, que negou. A defesa então apelou à segunda instância, o TRF4.
Se o tribunal acatar o pedido, o depoimento de Lula será novamente adiado. A primeira postergação foi decretada por Moro, a pedido da Polícia Federal e da Secretaria de Segurança do Paraná, que pediram mais tempo para providenciar a segurança do local.
GRAVAÇÕES
A defesa de Lula informou que também irá recorrer de outra decisão de Moro, divulgada nesta segunda, de não conceder aos advogados o direito de fazer suas próprias gravações durante o depoimento.
A defesa alegou que a gravação feita pela Justiça Federal do Paraná prejudica o depoente ao se fixar apenas nele e não mostrar a defesa, o juiz e os promotores.
Moro negou o pedido, mas informou que irá permitir a colocação de uma segunda câmera, na lateral da sala, mostrando todos os presentes no local.
No despacho, Moro acusa Lula e sua defesa de transformar uma "ato normal do processo penal" em um ato político-partidário ao convocar militantes para manifestações de apoio ao ex-presidente.
"Assim, há um risco de que o acusado e sua defesa pretendam igualmente gravar a audiência, áudio e vídeo, não com finalidade privadas ou com propósitos compatíveis com os admitidos pelo processo, por exemplo permitir o registro fidedigno do ocorrido para finalidades processuais, mas sim com propósitos político-partidários, absolutamente estranhos à finalidade do processo", diz Moro em sua decisão.
(Por Lisandra Paraguassu)