Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - A presidente Dilma Rousseff ofereceu o Ministério da Saúde para o PMDB em uma tentativa de ampliar o apoio do partido ao governo e, depois de um debate interno na bancada da Câmara, os deputados decidiram aceitar a pasta, em um movimento que deverá deixar a legenda com cinco ministérios após a reforma administrativa planejada pela presidente.
De acordo com um ministro com trânsito no Palácio do Planalto e no partido, os nomes mais cotados para o lugar de Arthur Chioro – que já foi chamado na Casa Civil para ser avisado que perderá o cargo – são os dos deputados Marcelo Castro (PB) e Manoel Júnior (PI).
Ambos médicos, Castro é vice-líder do governo na Câmara. Já Júnior é próximo ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Outros nomes chegaram a ser cogitados, mas o partido na Câmara fechou em torno desses nomes, que devem ser apresentados à presidente.
Na reconfiguração do governo, o PMDB perderá, em princípio, duas cadeiras: a Secretaria de Ações Estratégicas, que ficará sem o status de ministério, e Pesca, que deverá ser incorporada à Agricultura. Mas Dilma garantiu ao partido cinco pastas, sendo duas para a Câmara dos Deputados, duas para o Senado e uma quinta, que seria a manutenção do ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha, indicado pelo vice-presidente Michel Temer e que se tornou bastante próximo da presidente.
Do Senado ficam Eduardo Braga, nas Minas e Energia, e Kátia Abreu, na Agricultura. Candidato à sucessão de Renan Calheiros na presidência da Casa, o líder do partido, Eunício Oliveira (CE), optou por não criar atritos dentro da Casa, disse à Reuters um assessor próximo a Michel Temer.
A segunda vaga da Câmara deve ficar com o ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, que teria conseguido apoio de mais da metade da bancada de deputados e garantido sua permanência.
De acordo com um ministro que tem participado das negociações, o formato da reforma já está praticamente definido. Perdem o status de ministério a SAE e o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), que cuida da segurança da Presidência da República e deverá ser incorporado à Casa Civil como uma Casa Militar. Os Ministérios do Trabalho e Previdência serão fundidos em um só e continuarão nas mãos de Carlos Gabbas, homem de confiança de Dilma, segundo essa fonte.
Também deverão ser fundidas em um só ministério as Secretarias de Promoção da Igualdade Racial, Políticas para as Mulheres e Direitos Humanos, ficando nas mãos de Eleonora Menicucci.
O Ministério de Portos e de Aviação Civil seriam unidos, com Eliseu Padilha à frente, Pesca voltaria para o Ministério da Agricultura. Existe ainda a possibilidade da união de Desenvolvimento Social com Desenvolvimento Agrário. Patrus Ananias, ministro do MDA, seria o titular, com Tereza Campello, atual titular do MDS, como secretária-executiva.
Nas demais pastas, não deve haver grandes movimentos partidários, pelo menos por enquanto. Atualmente são 39 ministérios e o governo ao anunciar a reforma administrativa prometeu cortar 10.
A intenção da presidente era anunciar toda a reforma até esta quarta-feira, mas auxiliares próximos afirmam que, apesar de nas últimas horas os acordos terem se acelerado, ainda faltam peças do xadrez partidário.
A expectativa é que Dilma entregue todas as mudanças até quinta-feira, quando embarca para participar da Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York.