Por Corina Pons
CARACAS (Reuters) - A ex-procuradora-geral da Venezuela pediu nesta quinta-feira para o Tribunal Penal Internacional capturar e julgar o presidente Nicolás Maduro e outras autoridades de alto escalão por crimes contra a humanidade por assassinatos cometidos pela polícia e oficiais militares.
Luisa Ortega, que rompeu com Maduro neste ano após trabalhar de perto com o governista Partido Socialista por uma década, foi demitida em agosto após se opor ao plano de Maduro de criar uma toda poderosa Assembleia Constituinte. Ela deixou o país e viajou o mundo denunciando supostos atos de corrupção e violações de direitos humanos.
Ortega disse que sua queixa, preenchida na quarta-feira no tribunal sediado em Haia, foi motivada por cerca de 8.290 mortes entre 2015 e 2017 pelas mãos de autoridades que receberam instruções do governo.
“(Elas aconteceram) sob as ordens do Executivo, como parte de um plano de limpeza social realizado pelo governo”, disse a repórteres em Haia.
O governo não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.
A acusação se refere a incidentes de tortura, assassinatos extrajudiciais e prisões arbitrárias. Algumas delas aconteceram durante uma repressão de manifestações anti-governo que abalaram o país entre abril e julho e deixaram ao menos 125 mortos, alguns deles pelas mãos de autoridades militares e policiais.
O governo Maduro acusou Ortega de fechar os olhos para a violência cometida por apoiadores da oposição e também apresentou diversas acusações de corrupção contra a ex-procuradora.