Por Patricia Zengerle
WASHINGTON (Reuters) - O governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, informou na segunda-feira que não vai impor novas sanções à Rússia de imediato, apesar de uma nova lei concebida para punir a suposta interferência de Moscou na eleição norte-americana de 2016, insistindo que a medida já está atingindo empresas russas.
"Hoje, informamos ao Congresso que esta legislação e sua implantação estão impedindo as vendas de defesa russas", disse a porta-voz do Departamento de Estado, Heather Nauert, em um comunicado. "Desde a aprovação da... legislação, estimamos que governos estrangeiros abandonaram compras planejadas ou anunciadas de vários bilhões de dólares em aquisições de defesa da Rússia".
Na tentativa de pressionar Trump a reprimir a Rússia, o Congresso aprovou de forma quase unânime no ano passado uma lei que determina novas sanções abrangentes contra Moscou.
Trump, que queria laços mais amistosos com o Kremlin e se opôs à legislação quando ela foi submetida ao Congresso, a assinou contrariado em agosto, quando completava seis meses no cargo.
Segundo a medida, o governo tinha até segunda-feira para impor sanções a qualquer pessoa determinada a realizar negócios significativos com os setores de defesa e inteligência da Rússia, já sujeitos a punições por seu suposto papel na eleição.
Mas Nauert disse ser melhor esperar para impor tais sanções, citando cronogramas longos associados a grandes acordos de defesa.
"Desta perspectiva, se a lei estiver funcionando, sanções a entidades ou indivíduos específicos não precisarão ser impostas porque a legislação está, de fato, servindo como fator dissuasivo", disse ela em um comunicado.
A medida, intitulada "Lei de Contraposição aos Adversários da América Através de Sanções", exigiu que o governo listasse "oligarcas" próximos da gestão do presidente russo, Vladimir Putin, e emitisse um relatório detalhando as consequências possíveis de se penalizar a dívida soberana russa.
O prazo de segunda-feira para divulgar tais relatórios foi visto como um teste da disposição de Trump para conter a Rússia. Críticos o atacaram por não ter anunciado nenhuma sanção.
"O Departamento de Estado afirma que a mera ameaça de sanções conterá o comportamento agressivo da Rússia. Como você contém um ataque que aconteceu dois anos atrás e outro que já está em andamento? Simplesmente não faz sentido", disse o deputado Eliot Engel, o democrata mais graduado do Comitê de Assuntos Exteriores da Câmara dos Deputados.
Pouco antes da meia-noite de segunda-feira o Departamento do Tesouro dos EUA divulgou uma lista de "oligarcas", incluindo 114 figuras políticas de alto escalão e 96 empresários. Entre os nomeados estão os chefes dos dois maiores bancos russos, magnatas do setor de metais e o chefe do monopólio estatal de gás.
(Reportagem adicional de Makini Brice e Arshad Mohammed)