Por Elias Thorsson
REYKJAVIK (Reuters) - Os islandeses, irritados com uma série de escândalos políticos, derrubaram o governo de centro-direita em uma eleição que pode abrir caminho para uma jovem e carismática líder da oposição formar uma coalizão de esquerda, mostraram as contagens de votos finais neste domingo.
Com a derrota do governo do primeiro-ministro Bjarni Benediktsson, sua principal oponente, Katrin Jakobsdottir, do Movimento Esquerda-Verde, provavelmente terá a chance de formar uma estreita maioria no parlamento.
A ilha nórdica de 340 mil pessoas, um dos países mais atingidos pela crise financeira de 2008, conseguiu uma notável recuperação econômica impulsionada por um boom do turismo.
Benediktsson convocou eleições em setembro, depois de menos de um ano no governo, após um escândalo envolvendo seu pai ter levado o partido Futuro Brilhante a abandonar sua coalizão governante, dizendo que teve sua confiança traída.
O governo anterior foi derrotado no ano passado na onda das revelações dos Panama Papers sobre o uso de paraísos fiscais offshore pelo primeiro-ministro Sigmundur David Gunnlaugsson.
Além dos escândalos políticos, um crescente senso de desigualdade e inquietação sobre a imigração em uma das nações mais homogeneamente étnicas do mundo tumultuaram uma democracia conhecida por sua estabilidade política e social.
Após a contagem final dos votos, Jakobsdottir, 41, do Esquerda-Verde, conseguiu obter uma estreita maioria no parlamento com outros três partidos da oposição.
O resultado mostrou que uma coalizão liderada pelo Esquerda-Verde é possível se eles unirem forças com os Social Democratas, o Partido Progressista e o Partido Pirata, uma vez que deteriam 32 dos 63 assentos do parlamento.
O parlamento estará dividido entre oito partidos. Entraram dois novos partidos, enquanto um dos partidos no atual governo tripartidário não obteve votos suficientes para continuar no parlamento.
O Partido da Independência, principal da atual coalizão governista, perdeu 4 pontos percentuais ante a eleição do ano passado, e teve 25 pro cento dos votos.
O Esquerda-Verde veio em segundo com 17 por cento, um ponto percentual acima da votação do ano passado. Seus prováveis aliados dos Social-Democratas ficaram em terceiro, com 12 por cento, quase dobrando sua fatia.
O novo Partido de Centro, que foi formado em setembro pelo ex-primeiro ministro Gunnlaugsson, teve 11 por cento dos votos.