Por Alexandra Ulmer
CARACAS (Reuters) - Helen Blandin, uma mãe solteira de 44 anos, viu sua vida desmoronar com a economia devastada da Venezuela.
A funcionária pública ganha o salário mínimo, equivalente a cerca de 2 dólares ao mês por conta de uma moeda local em colapso. Ela não pode mais comer carne regularmente e tem sofrido para comprar fraldas e leite para seu filho bebê.
Apesar disto tudo, Blandin irá votar no domingo no presidente Nicolás Maduro, que com adoração chamou de “meu presidente!” durante uma manifestação pró-governo em seu pobre bairro de Petare, que fica em uma encosta com vista para o leste de Caracas.
Blandin é parte do que estima-se ser um quinto da população da Venezuela que analistas políticos e pesquisas de opinião identificaram como o alicerce de apoio para o “chavismo”, movimento fundado pelo falecido líder socialista Hugo Chávez.
A dor de Blandin e sua devoção ao partido governista aparentam ser contraditórias.
Venezuelanos pobres como Blandin foram os que mais sofreram com a lista de infortúnios da Venezuela, incluindo doenças, cortes de água e energia, crimes violentos e inflação de cinco dígitos.
Ela está convencida de que uma “guerra econômica” é culpada pelas dificuldades, repetindo acusações de Maduro de que uma hábil oligarquia está tentando sabotar o socialismo na América Latina.
“Nós sabemos de onde o mal está vindo. Isto é guerra da oposição”, disse Blandin, segurando seu filho Luis sob sol quente conforme música pop latina tocava e diversas centenas de apoiadores do governo dançavam e balançavam bandeiras.
“Mas eu sou leal à minha revolução. Mesmo que nos chamem de ignorantes, mesmo que nos chamem de estúpidos, isto não importa.”
LEALDADE DURADOURA
A lealdade duradoura que muitos venezuelanos sentem em relação a Chávez e seu legado vem do fato de que seu governo de 1999 a 2013 foi, para a maior parte da maioria pobre do país, o primeiro governo que teve seus interesses em vista após décadas da elite se alternando no poder.
Chávez colocou dinheiro do petróleo em clínicas médicas com médicos cubanos e habitações gratuitas para os pobres, transformando as vidas de milhões antes de morrer de câncer, em 2013.
Mas sob seu sucessor Maduro, um ex-motorista de ônibus e líder sindical, o país membro da Opep tem sofrido cinco anos de recessão brutal.
Por isto, economistas culpam a economia da era Chávez, incluindo controles monetários disfuncionais e nacionalizações mal geridas, que Maduro tem se recusado a reformar.
Muitos apoiadores da oposição dizem que venezuelanos pobres foram levados a apoiar um governo corrupto e autocrático que está empobrecendo a nação e endividando o país para aliados predatórios como a China e a Rússia.
Críticos dizem que caixas de comida e ocasionais bônus fornecidos pelo governo mantêm venezuelanos necessitados dependentes do Estado, e com medo de votarem contra a mão que os alimenta.
“É um mecanismo de controle social”, disse a parlamentar da oposição Marialbert Barrios, de 27 anos e que representa diversas áreas pobres espalhadas por Caracas.
((Tradução Redação São Paulo, 5511 56447759)) REUTERS ES