BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira que o trabalho feito pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, quando era juiz da operação Lava Jato não tem preço, por ter revelado a "promiscuidade do poder", na primeira declaração pública sobre o vazamento de suposta troca de mensagens entre Moro e membros do Ministério Público Federal.
"O que ele fez não tem preço. Ele realmente botou para fora, mostrou as vísceras do poder, a promiscuidade do poder no tocante à corrupção. A Petrobras (SA:PETR4) quase quebrou, fundos de pensão, muitos quebraram, o próprio BNDES, eu falei agora há pouco aqui, nessa época 400 e poucos bilhões entregues para companheiros comunistas e para amigos do rei aqui dentro. Ele faz parte da história do Brasil", disse Bolsonaro a repórteres após evento no Palácio do Planalto.
A declaração foi a primeira manifestação do presidente sobre o caso envolvendo Moro após vários dias de silêncio desde a revelação do caso no domingo.
O presidente se reuniu com o ministro duas vezes nesta semana e compareceu a dois eventos públicos ao lado do ex-juiz, incluindo uma partida do Flamengo em Brasília na noite de quarta-feira, mas não havia comentado o tema. Na terça-feira, Bolsonaro chegou a encerrar uma entrevista coletiva em São Paulo ao ser questionado sobre o caso.
Bolsonaro condenou o vazamento das supostas trocas de mensagens de Moro com o coordenador da Lava Jato no Ministério Público Federal, Deltan Dallagnol, quando era o juiz responsável pela operação na Justiça Federal do Paraná.
"Houve uma quebra criminosa, invasão criminosa, se é que o que está sendo vazado é verdadeiro ou não", afirmou.
O site Intercept Brasil publicou no domingo reportagens que mostram suposta troca de mensagens entre Moro e Dallagnol. Com base no que diz serem arquivos recebidos de uma fonte anônima, o site mostra alegadas conversas entre Moro e Dallagnol sobre decisões, andamento das investigações e sugestões de testemunhas.
Moro e os procuradores da Lava Jato negam irregularidades.
(Reportagem de Lisandra Paraguassu)